Iniciando as atividades do evento "Obrigado Boal", em homenagem ao teatrólogo Augusto Boal, recém-falecido, uma oficina de teatro oferece a experiência do método Teatro do Oprimido, criado pelo mestre e reconhecido internacionalmente. As atividades, conduzidas por Celso Velusa, começaram dia 9 de junho e acontecem até 2 de julho, terças e quintas-feiras, das 19h às 21h30, na Sala Álvaro Moreyra, do Centro Municipal de Cultura (avenida Érico Veríssimo, 307, em Porto Alegre/RS).
"Obrigado Boal" é uma série de eventos da Secretaria Municipal Cultura (SMC) em homenagem ao legado internacional do dramaturgo, ensaísta e diretor Augusto Boal, falecido em 2 de maio. Além da oficina, já em andamento, outros eventos ocorrem dias 1º e 2 de julho no Centro Municipal de Cultura e incluem relatos de experiências com a obra do autor, oficinas para atores e diretores, vídeos, apresentação teatral e um debate. Todos gratuitos.

Documentário
Entre os vídeos a serem exibidos, será apresentado pela primeira vez em Porto Alegre o documentário Jana Sanskriti, "Um Teatro em Campanha", dirigido pela franco-brasileira Jeanne Dosse. O filme narra a experiência do grupo de mesmo nome que, a partir das técnicas do Teatro do Oprimido, atua em dez regiões da Índia, envolvendo cerca de três milhões de camponeses. Exibido na Mostra de Cinema de São Paulo, ganhou o prêmio do Júri no Festival Semaine du Cinéma Méditerranéen, de Lunel, França. O evento é uma realização da prefeitura por meio da Coordenação de Artes Cênicas (51-3289-8062 e 3289-8064) da Secretaria Municipal da Cultura, com apoio da Pós-Graduação em Artes Cênicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS).

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O Armazém de Criação, localizado na área central do Recife, já é famoso pela formação que oferece para os atores pernambucanos e, agora, renova seus horizontes apresentando atividades de dança. Desde o início de maio, uma equipe realiza audições para montar um espetáculo de dança que terá temporada de quatro meses. Quarenta pessoas se candidataram às vagas de bailarinos e apenas três para a vaga de coreógrafo. A comissão de seleção é formada por Lúcia Helena Gondra, representando o Sated-PE; Paulo Henrique Ferreira, da Apacepe ; Arnaldo Siqueira, da UFPE; Raimundo Branco, do Armazém, e representante do Movimento Dança Recife.

Entre os dias 15 e 18 de junho, acontece o 1º Encontro Internacional de Teatro da Universidade Federal de Santa Catarina, com oficinas, apresentações e mesas-redondas com o tema "Nova Dramaturgia". O evento começa no dia 15 com a oficina "Processo de criação do ator - composição sonora da palavra via dramaturgia do corpo", apresentada por Janaina Träsel Martins, no campus da UFSC. O evento conta com a presença de grandes tradutores de peças teatrais, como Donaldo Schüler, tradutor dos trágicos gregos; Fábio de Souza Andrade, tradutor de peças de Samuel Beckett e resenhista da "Folha de S. Paulo"; Arlete Cavaliere, tradutora do teatro completo de Gógol e de Maiakóvski. Além disso, dois reconhecidos professores e diretores teatrais da cena contemporânea, Cibele Forjaz (ECA-USP/Cia. Livre de Teatro), e Renato Ferracini (Unicamp/Lume), falarão de suas experiências teatrais.
Um dos pontos fortes do encontro é a mesa-redonda para debater o teatro de Florianópolis, da qual participarão os jovens diretores: Pedro Bennaton, Nazareno Pereira, Jefferson Bittencourt".

A partir de 12 de junho, reestreia no Teatro Municipal de Niterói, para uma curta temporada, a mais nova montagem do clássico de Schiller "Maria Stuart", com Julia Lemmertz no papel-título e Ligia Cortez como a Rainha Elizabeth, sob a direção de Antonio Gilberto, também idealizador do projeto ao lado de Julia Lemmertz. A tradução utilizada é a de Manuel Bandeira, e completam o elenco Mário Borges, André Correa, Henrique Cesar, Clemente Viscaino, Amélia Bittencourt, Renato Linhares, Maurício Souza Lima, Silvio Kaviski, Thiago Hausen, Maurício Silveira e Ednei Giovenazzi, em participação especial.

 

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A peça fala do histórico conflito entre as rainhas, primas e rivais Elizabeth, da Inglaterra, e Mary Stuart, da Escócia. A motivação do diretor Antonio Gilberto para trazer ao público brasileiro deste início de século XXI a tragédia de Schiller escrita em 1800 é sua atualidade: "Por falar de sentimentos e conflitos tão comuns a nós seres humanos, essa obra de Schiller é um clássico. Por ser um clássico será sempre oportuna e interessante uma nova montagem de Maria Stuart", afirma o diretor.
A encenação de Antonio Gilberto concentra seu foco na relação humana dessas duas rainhas e dos personagens que giram em torno das mesmas. A montagem não pretende julgar essa "luta" entre essas duas mulheres, mas sim apresentar os conflitos que fizeram parte da relação das duas e que culminaram com a morte de Mary Stuart. Construído a partir da história real destas rainhas, o texto de Schiller promove o - jamais ocorrido de fato - encontro entre as duas.
Elas governam a mesma ilha, personificando caráter e ideias de feminilidade opostos, e representando monarquias estabelecidas por poderes considerados divinos. Maria Stuart (Julia Lemmertz), rainha católica de Escócia, e Elizabeth (Ligia Cortez), rainha protestante de Inglaterra, são protagonistas de um drama que envolve sexo, poder, ambição, intriga política e uma rivalidade só resolvida com a morte.
Como rainhas regentes, enfrentaram o preconceito de um mundo dominado pelos homens, foram deploradas por sua feminilidade, comparadas uma à outra e cortejadas pelo mesmo homem. Em toda sua vida, Elizabeth revestiu-se de coragem para provar ao mundo que tinha coração e a mente de um homem, tão consciente era da convencional inferioridade de ser apenas uma mulher. Mesmo agindo assim, tendo na sua masculinidade a sua força, possuía todas as paixões de uma mulher e as expressava através da manifestação de seu amor pelos seus favoritos e pela ternura por seu povo. Já Maria era vista como imprudente, emocional e suscetível a colapsos nervosos. De temperamentos diferentes, essas rainhas se igualavam no vigor de suas ambições.

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