Por Daniel Pinton

Que tal aliar uma viagem agradável a uma atraente programação cultural? Acredite, isso é possível e você ainda pode economizar um bom dinheiro. Cada vez mais hotéis, de Norte a Sul do Brasil, investem em pacotes culturais que barateiam – e muito – suas estadias, desde o apartamento mais simples à suíte mais luxuosa. A iniciativa atrai mais turistas a cada dia – de todas as faixas etárias – aos mais diversos destinos, inclusive no exterior, e tem alavancado as vendas não só para atrações culturais, mas para a rede hoteleira, principalmente a voltada para o mundo corporativo, considerada morna, até então, nos finais de semana. São iniciativas que vão desde um simples desconto na diária do hotel, após a apresentação de ingresso teatral, a pacotes pré-programados que incluem estadia mais atividade cultural. E são eficazes.
O hotel Holiday Inn Salvador, localizado na capital baiana, aumentou em 15% o seu faturamento durante os finais de semana desde que entrou em vigor, em maio, a sua promoção Diária Cultural, que prevê 10% de desconto em qualquer um dos seus quartos. Para tal, basta o hóspede carregar, no momento do check-in, uma entrada teatral. “Acreditamos no teatro. Não só buscamos retorno financeiro, mas, também, uma imagem do hotel relacionada à cultura. Queremos pessoas ligadas à arte no nosso hotel, pois é muito bom para nossa marca”, explica Bárbara Câmera, diretora de Vendas e Marketing do Holiday Inn Salvador, acrescentando que a Diária Cultural tem feito tanto sucesso que ela planeja, em um futuro próximo, criar projetos mais audaciosos ligados ao teatro. “Queremos transformar essa campanha em um produto do hotel. Criaremos uma diária super baixa para hospedagem de produtores artísticos, de staff, do próprio artista. Quero aplicar isso no ano que vem”, revela.
Geograficamente um pouco mais distantes, mas com ideias semelhantes, os hotéis Crowne Plaza Curitiba; Plaza Camboriú, em Santa Catarina; e a Rede Accor, através dos hotéis Mercure em todo Brasil, também tem aumentado a demanda no final de semana por conta da Diária Cultural, que virou sinônimo de satisfação pela parceria rede hoteleira/cultura. No Crowne Plaza Curitiba a iniciativa de apoio à cultura local não é nova. O hotel já foi parceiro de bares como o Era Só o que Faltava, que toda semana apresentava um número diferente de comédia stand-up. Hoje o hotel se orgulha de ser muito mais do que um parceiro econômico da arte local, mas um elemento propulsor para o desenvolvimento social de Curitiba.
“Como a bandeira Crowne Plaza está hoje em grandes centros urbanos, como Nova York e Londres, entre outros, devemos contribuir para o incremento da cultura nesses locais. O público do nosso hotel é bastante crítico e aprecia as manifestações culturais. Acreditamos muito no teatro, inclusive como importante ferramenta da educação. Com certeza, vale à pena apostar nele e em outras manifestações de cultura e arte. Além da Diária Cultural, apoiamos a tradicional Feira do Largo da Ordem, que acontece aos domingos, próximo ao hotel. Estamos firmando parcerias com artesãos da feira para o desenvolvimento de louças personalizadas à mão com os pontos turísticos da cidade. Também oferecemos uma programação diferenciada aos domingos, que inclui café-da-manhã com música ao vivo, estacionamento e almoço para incentivar as pessoas a visitarem a feira”, explica a assessoria do Crowne.
A rede Mercure não fica atrás. De sexta-feira a domingo, o hóspede garante uma diária a R$ 139 ao apresentar, no check-in ou no check-out, um ingresso de cinema, teatro ou museu, gratuito ou não, frequentado durante a estadia. A promoção, mais do que um incentivo às vendas, faz parte de uma estratégia de marketing institucional de apoio à arte. Desde sua criação, a Diária Cultural do Mercure já apoiou dezenas de espetáculos teatrais como “Beatles num Céu de Diamantes”, “A Noviça Rebelde”, “Sete – O Musical” e “Lucio 80/30”. Além disso, ofereceu patrocínio aos longas-metragens “Orquestra dos Meninos”, “O Signo da Cidade” e “Onde andará Dulce Veiga?”.
A rede de hotéis ainda prevê, até o fim de 2009, apoio a 131 espetáculos teatrais em todo o País. “A rede Mercure incentiva a cultura em todas as suas formas, o que inclui o teatro. O apoio a arte é fator fundamental de nosso posicionamento e agrega uma percepção positiva para a marca. Assim como no teatro, a empresa valoriza o contato humano como fundamento da hospitalidade vivenciada em cada um de nossos hotéis”, justifica Guilherme Boujadi, gerente de Marketing da rede. Por outro lado, é extremamente interessante também para os produtores culturais associarem e explorarem suas imagens na rede hoteleira. É uma prática comum, há anos, os departamentos de Marketing de uma produção teatral, por exemplo, entrarem em contato com o Marketing de um hotel e estes fazerem uma permuta. A produção artística oferece alguns ingressos de seus espetáculos e, em troca, ganha exposição de marca no estabelecimento e/ou acomodações para seu staff.
Outra parceria com o teatro é a do hotel Staybridge Suites, em São Paulo. Há mais de dois anos, o estabelecimento oferece dois pacotes culturais nos moldes da Diária Cultural, porém, de forma um pouco mais ampliada. Atualmente, as montagens do musical “A Noviça Rebelde” e da peça “O Zoológico de Vidro” são prestigiadas na promoção que oferece diária mais ingresso para uma das peças por um preço muito menor em relação à compra avulsa dos dois. A entrada para o musical mais a diária de final de semana no hotel, em suíte, sai por R$ 269 o apartamento single e R$ 299 o apartamento duplo. No caso de “O Zoológico de Vidro”, o cliente gastará R$ 230 pelo single e R$ 250 pelo duplo. O hotel, que é o único da bandeira IHG (InterContinental Hotels Group) a oferecer diferentes pacotes culturais a seus clientes, tem o costume também de oferecer gratuitamente a seus hóspedes entradas para produções teatrais.
“Como hospedamos alguns artistas, surgem propostas para apoio teatral. O nosso ganho institucional é maior que do que o das vendas. Não diria que seja decisivo, mas é um fator que pode influenciar na opinião do cliente”, pondera Douglas Meneses, diretor de Marketing e Vendas do Staybridge.

AGÊNCIA MIRA NA TERCEIRA IDADE
A terceira idade é outro nicho que cada vez tem atraído a atenção da rede hoteleira, das agências de viagens e de agências de intercâmbio por conta de sua expansão demográfica nos últimos anos. De acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), a população da chamada melhor idade cresceu 47,8% no Brasil, na última década. O aumento, ano após ano, no número de idosos aliado a uma situação financeira mais estável deste nicho e de maior tempo livre para passear e curtir suas aposentadorias fez com que empresas investissem também em pacotes culturais voltados à terceira idade.
A BEX Intercâmbio, por exemplo, que oferece condições de viagem ao exterior especiais a idosos, só em 2008, enviou mais de 20 intercambistas seniores para fora do País, em um modal que até pouco tempo mirava apenas jovens estudantes. “O crescente aumento da população idosa fez com que surgissem mais opções de cultura e diversão para este nicho. Aprender ou aprimorar um novo idioma, conhecer novas culturas e pessoas, são alguns dos atrativos que têm feito idosos procurarem por programas de intercâmbio cultural”, explica Flávio Crusoé, diretor da agência.
A BEX oferece pacotes para cidades no exterior onde intercambistas, independente da idade, pode desfrutar de intensa atividade cultural. Por pouco mais de R$ 1.900, o turista vai a Bournemouth, cidade litorânea na Região Sudoeste da Inglaterra, e, além de desfrutar de atividades culturais na cidade, tem direito a um programa de duas semanas de curso de inglês com 20 aulas semanais, entre outros. Na cidade, culturalmente rica, o turista pode visitar o Museo Russell-Cotes, além do seu instituto de arte.

Por Leonardo Serafim de Oliveira

A cada dia, mais e mais brasileiros buscam o prazer e o descanso nos diversos cruzeiros oferecidos nos quatro cantos do país. Para entreter seus clientes, as empresas de turismo precisam se desdobrar em busca de novas atrações. Tarefa árdua. Com públicos cada vez mais exigentes, novas propostas de espetáculos são incluídas nos roteiros de viagens a todo momento. E, para a alegria dos amantes das artes cênicas, o teatro e os musicais vêm ganhando espaço nas rotas marítimas.
“É uma nova vertente que está surgindo. As pessoas estão aprovando a ideia. Todo mundo gosta de assistir uma boa peça e números circenses. Por que seria diferente no mar?”, garante o diretor artístico do Grupo Trixmix, Emiliano Pedro. O artista fala com propriedade. Nos últimos anos, não foram poucas as empresas que optaram por investir no ramo. Acostumado a levar seu espetáculo em cruzeiros pelo Brasil, o artista afirma que o público se identifica com as encenações. É que cada vez mais será rotineiro ver apresentações teatrais nos auditórios e salões dos luxuosos navios que cruzam o mundo.
É o caso da Ibero Cruzeiros. Recentemente, a empresa lançou-se no mercado nacional e já aderiu às peças teatrais para os seus próximos roteiros. A assessoria de imprensa do grupo garante que para sua temporada de estreia haverá apresentações diárias para os hóspedes. Desde números com artistas estrangeiros até comediantes renomados.
A Costa Cruzeiros não fica atrás. Na sua nova joia construída esse ano, o navio Costa Luminosa, reproduções da Broadway, grupos teatrais e bailarinos enchem os olhos dos espectadores que apreciam os espetáculos.
Engana-se, porém, quem pensa que os únicos beneficiados com tudo isso são as empresas e os turistas. Os artistas também tiram proveito. Para eles, é uma chance para brilhar e fazer novos contatos. “Nós já tínhamos uma boa base de shows antes de nos apresentarmos em cruzeiros, mas com certeza eles nos ajudaram a difundir nosso trabalho. Posso dizer que é uma experiência ótima poder viajar e fazer o que eu gosto ao mesmo tempo”, ressalta Elimiano Pedro.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Festival Amazônia Encena nasceu com o objetivo de levar as artes cênicas aonde o povo se encontra.

Não só mulheres marcaram os musicais recentes no Brasil. Alguns dos maiores nomes masculinos da dramaturgia nacional já entraram para a história por grandes atuações, nas quais encarnavam o espírito de heróis da música tupiniquim. O mais lembrado, talvez, seja o surpreendente Cauby Peixoto interpretado por Diogo Vilela. Em 2006, o ator fez uma das temporadas mais elogiadas da história do teatro brasileiro ao quase, sem exagero algum, reencarnar o famoso artista que, além da exuberante voz, chamava atenção pelos trejeitos, caras e bocas.
“Fazer Cauby no teatro me marcou muito. Não só pela honra e valor da homenagem, que julguei merecida, mas, também, pela oportunidade como ator de exercitar um lado técnico que foge um pouco da minha natureza, que é cantar em cena. Faço aulas de canto com o professor Victor Prochet há 16 anos, desde que interpretei um outro personagem cantor e tão icônico quanto Cauby, que foi Nelson Gonçalves. Adoro musicais, principalmente os de origem brasileira, pois julgo nossa herança musical de MPB umas das melhores do mundo”, diz Diogo.
Para ele, é importante que o ator esteja seguro quanto às suas técnicas vocais para não ficar em diferença com outros cantores em cena. Apesar de ser bem elogiado por sua voz, Diogo admite que só começou a estudar canto profissionalmente quando fez o teste – e passou – para fazer o musical “Cabaret”, em São Paulo, em 1990, sob a direção de Jorge Takla. Até então, admite que, embora tivesse uma boa voz, ficava tímido para mostrá-la na frente de dezenas de pessoas. “Daí para frente, não parei mais de estudar e me aprimorar tecnicamente. Sou da opinião que devemos estudar sempre, fazer vocalizes ao piano não só para dominarmos com brilho a palavra falada e cantada em cena, mas para que não haja essa diferença. Sempre faço isso antes de treinar as músicas, como se fossem aulas. Depois, já com a voz aquecida, canto para ele o repertório. É um ritual que não abro mão”, comenta.
Quem também chamou atenção pelo desafio de interpretar aquele que é considerado o maior cantor que o Brasil já teve, Orlando Silva, é o ator Tuca Andrada. Com direção de Antônio de Bonis, “Orlando Silva, o Cantor das Multidões” esteve em cartaz, há três anos, e arrebatou o público em todas as cidades em que esteve presente. “Foi o maior sucesso teatral da minha carreira e um grande desafio, pois eu tinha que dar vida não apenas a um grande cantor, mas ao maior cantor que esse País já teve. Na verdade, Orlando era mais que um cantor. Ele foi o fundador do moderno canto popular brasileiro, um artista que influenciou todos os grandes que vieram depois dele. Tive muita satisfação com esse trabalho”, revela o ator. 
Para reproduzir a maneira de cantar de Orlando Silva, Tuca intensificou suas aulas de canto e ouviu boa parte de todo o repertório produzido pelos grandes músicos brasileiros das décadas de 1930, 1940 e 1950. “Procurei reproduzir aquela maneira de cantar, mas sem pensar em imitar o Orlando Silva, o que seria uma tolice da minha parte. Preparação é sempre importante. Mesmo que a pessoa não pretenda se tornar um ator de musicais, tem que fazer aula de canto e dança. Ela educa o corpo e a voz, que são instrumentos primordiais de um ator”, comenta.
Outro que fez sucesso ao interpretar o papel de um famoso cantor foi Marcelo Serrado, em sua personificação de Tom Jobim nos palcos. Junto com Thelmo Fernandes, que representa Vinicius de Moraes, o ator demonstrou que o talento nos palcos é o mesmo mostrado nas diversas novelas que possui em seu vasto currículo. “Tom e Vinicius” fala sobre a relação entre os dois músicos, que compunham juntos e era grandes amigos. No espetáculo, escrito por Flávio Marinho, Marcelo interpreta Tom em seu processo de composição da peça “Orfeu da Conceição” e sua parceria histórica com Frank Sinatra.
Assim como as grandes atrizes que já interpretaram grandes cantoras,  o trabalho desses atores também não merece ser esquecido pelo tempo. A atuação de Diogo, Tuca e Marcelo deve ser lembrada ainda por muitos anos. Não apenas pelo grande trabalho realizado, mas também pela memória que mantiveram viva de alguns dos maiores músicos que este País já teve a sorte de reverenciar.

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