Marcando a estreia de Fernanda Torres como dramaturga, o espetáculo “Deus é Química” entrou em cartaz na última quinta-feira, dia 13 de agosto de 2009.
Ferramenta dá chance para os atores mostrarem características que vão além das barreiras fotográficas e conquistarem seus espaços
Por Danilo Braga
“Muitas vezes, queremos ver mais do que a cara do ator. Sua voz, sua movimentação, seu jeito é muito importante na hora de escolher o profissional”, revela Deborah Carvalho, produtora de elencos. Para mostrar essas características que não podem ser levadas às mãos dos produtores de elenco através do suporte fotográfico, surge uma ferramenta que está cada vez mais popularizada entre a classe teatral: o videobook.
Usado primariamente para a seleção de atores para o cinema, o videobook tem ganhado espaço na seleção de atores para os palcos de teatro. Com a popularização dos equipamentos de gravação, edição e produção de vídeos, a entrada para esse nicho de mercado está mais fácil e dá espaço para novas ideias e profissionais cada vez mais criativos, levando à mesa dos profissionais de seleção novas formas de apresentar um ator.
Gustavo Hadadd é ator, mas também produz e dirige videobooks. Ele conta que o videobook é uma forma de o profissional, iniciante ou aspirante a ator, mostrar seu trabalho e sua capacidade. “É uma oportunidade de mostrar o que o ator tem de melhor”. Gustavo utiliza em suas produções o neutro: sem cenário e roupas básicas. Apesar disso, não deixa de recomendar a adoção de uma produção de iluminação adequada para não deixar nas sombras as melhores características de um ator. O neutro não significa uma produção pobre, mas uma produção limpa, na qual o foco das atenções deve ser o talento do ator, e não o suporte pelo qual o mesmo será apresentado, nesse caso, o vídeo.
O produtor sugere, também, que o ator traga os textos já ensaiados ou até mesmo recorra ao improviso. “Já tive atores que contaram a noite anterior. Dependendo da linha de trabalho do profissional, fazemos o trabalho para divulgar o que ele tem para mostrar”.
Hadadd não acredita que o videobook possa ser uma ferramenta para substituir qualquer etapa do processo de seleção, mas deve complementar esse trabalho. “Se dar bem em um videobook é o primeiro degrau, o primeiro passo para se dar bem em um processo seletivo”, justifica o diretor.
O custo para um ator que deseja gravar o seu videobook está na faixa dos R$ 200 a R$ 1.200 dependendo do tipo de produção a ser feita (desde os recursos técnicos de edição e captação de imagens até o formato final do trabalho) e a duração do vídeo. Além do trabalho de divulgação, no qual o disco DVD é entregue em um processo de seleção, há a possibilidade de o ator publicar o seu trabalho na rede, em sites que hospedam vídeos de forma gratuita, como o YouTube e o Vímeo. Com esses sites, o videobook pode ser visualizado em qualquer computador com acesso à internet e recursos multimídia. O ator pode, inclusive, publicá-lo em um blog ou divulgá-lo através de redes sociais como o Orkut e o Twitter.
Entretanto, o ator deve ter um minucioso cuidado com quem irá produzir o seu videobook. Deborah revela que o videobook pode ser uma faca de dois gumes, que pode tanto valorizar o ator quanto prejudicá-lo – deve-se ter muito cuidado com a duração do vídeo e os temas escolhidos. “Muitas vezes eu peguei videobooks longuíssimos, com monólogos chatos ou que mostravam só um tipo de atuação”.
A produtora dá algumas dicas para quem está interessado em colocar o seu trabalho em um vídeo: “O ator deve ser versátil e mostrar toda a sua capacidade de interpretação”, revela Deborah, que já identificou o ator certo para determinado papel só de assistir o material. É recomendado que o ator, antes de assinar qualquer tipo de contrato ou acordo com o videomaker, peça amostras de seu trabalho, para evitar surpresas desagradáveis e decepções.
Década após década, as obras do gaúcho Erico Veríssimo continuam a inspirar. E nunca foram tão atuais. Dramas, interesses políticos, guerra e questões regionais que sempre se tornam necessariamente universais. Na peça O Sobrado, adaptação cênica de sete capítulos homônimos dos dois volumes intitulados O Continente (a primeira parte da obra literária O Tempo e o Vento) não é diferente. Alunos do Departamento de Arte Dramática da UFRGS, por meio de improvisações, estudos e discussões teóricas chegam a um resultado que tem empolgado o público e a crítica no Sul do País. A ação se passa em 1895, quando o chefe político republicano Licurgo Cambará se encontra sitiado em sua casa, junto à sua família e correligionários, sob o cerco de tropas federalistas, o partido oposicionista também conhecido pelo nome Maragato.
Fechados dentro do sobrado durante dez dias, com pouca comida, água e munição, os personagens da trama relacionam-se em um meio perturbado e agonizante e revelam suas histórias e anseios, enquanto a morte se faz presente dentro e fora da casa. “O interessante é que, através da transposição para a cena, pudemos perceber a real dimensão das personagens femininas”, revela a diretora e professora Inês Marocco. “A cada dia descubro coisas novas. Fazer a Bibiana, a neta da Ana Terra, é uma grande responsabilidade”, complementa a atriz Rita Mauricio.