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Grupo Movasse trabalha a dança contemporânea através da independência e afinidade artística, sem abrir mão do incentivo de editais
Por Ive Andrade
Formado há apenas três anos, o grupo Movasse foi idealizado por quatro bailarinos que uniram suas afinidades com o desejo de atuar em um espaço independente e “um coletivo de criação em dança com um trânsito livre de pessoas e ideias”, como eles mesmos definem. Apesar de virem de diferentes lugares do Brasil, seus destinos se cruzaram na companhia Primeiro Ato, onde trabalharam durante diversos anos. Em 2006, o paraibano Carlos Arão, a pernambucana Andréa Anhaia e os mineiros Ester França e Fábio Dornas já estavam fora da conceituada companhia e decidiram enfrentar o desafio de ter sua própria. Então, em Belo Horizonte, surgiu o Movasse.
“Desenvolvemos nossas afinidades artísticas no Grupo de Dança Primeiro Ato. Criamos o Movasse para termos ter um coletivo onde trabalharíamos juntos, mas com uma certa independência”, conceitua Andréa Anhaia. A ideia dos bailarinos era ter a oportunidade de criar livremente e continuar a trabalhar em conjunto. “Gostamos de criar juntos. A afinidade entre nós é muito grande. Só que somos muito diferentes e a gente se complementa”, explica outra fundadora, Ester França.
Apesar de jovem, o Movasse já tem cinco espetáculos em seu currículo. Todos com a participação dos seus criadores, seja na coreografia, na música, na direção, na produção ou, de fato, dançando. “Nos vemos como bailarinos, mas a gente faz de tudo na companhia”, afirma França. “Às vezes cansa, pois não paramos um minuto. Ter a companhia não permite que você se dedique somente à arte. Tem outros aspectos, como produção, a serem considerados”, completa o bailarino Fábio Dornas, que faz o papel de produtor e contatos pelo grupo, assim como Carlos Arão. As mulheres se dividem nos aspectos mais técnicos, como revisão e o desenvolvimento escrito de projetos para editais.
O incentivo fornecido pelos editais, eles admitem, é a melhor forma de conseguir levar o trabalho adiante, mesmo que no limite, de certa forma. O primeiro trabalho do Movasse teve o incentivo do edital “Rumos Dança”, do Itaú Cultural. “A gente tem que se adaptar um pouco às regras do edital, mas, às vezes, conseguimos fazer exatamente o que queriamos, como no nosso último edital com a Funarte”, explica França, referindo-se ao trabalho do grupo que deve estrear em fevereiro de 2010, “De Cujus”. “[Nesse espetáculo] o processo criativo parte das memórias individuais relacionadas à família. Este espetáculo tem um formato curioso, pois será construído em uma casa de família de Belo Horizonte, sendo também apresentado lá. A casa será o cenário e o dispositivo para o resgate destas memórias”, conceitua Anhaia.
Como bailarinos independentes, os fundadores do Movasse afirmam que “não se bastam” e por isso desenvolvem projetos também fora do grupo, com outros profissionais e também juntos. No caso de “De Cujus”, o espetáculo terá outros quatro bailarinos: Peter Lavratti, Marise Dinis, Cristina Rangel e Sirah Badiola.
Serviço
O Grupo Movasse está com uma nova sede em Belo Horizonte, no Centro Artístico de Dança (Rua Marília de Dirceu, 226 - Pilotis, bairro de Lourdes), onde, além dos ensaios, também acontecem aulas e oficinas ministradas pelos criadores do coletivo. Outras informações em www.movasse.com
Companhia Brasileira de Ballet percorre o País e o mundo divulgando a dança brasileira
Por Douglas de Barros
A CBB (Companhia Brasileira de Ballet) surgiu de uma história de amor. Precisamente em 1967, quando o industrial Paulo Ferraz montou o grupo para a sua esposa, a bailarina Regina Ferraz. Formado na sua maioria por bailarinos do Theatro Municipal do Rio de janeiro, estreou no Teatro Novo (antigo Teatro da República, hoje sede da TV Brasil – RJ), mas encerrou tragicamente suas atividades dois anos depois, quando Ferraz cometeu suicídio devido a problemas políticos e financeiros.
Em 2001, através de um pedido feito por Emílio Martins, coordenador da Funarte, à Regina Ferraz, o nome da companhia foi cedido ao professor e diretor artístico Jorge Teixeira, em reconhecimento à sua luta a favor da divulgação do balé clássico. Há 20 anos na dança, Jorge explica que o objetivo da CBB é resgatar o interesse dos bailarinos e do público pela sua arte. Este ano, o grupo já fez cinco grandes espetáculos.
“Recentemente, em Ourinhos (SP), três mil pessoas acompanharam em praça pública a encenação do clássico ‘Gisele’. Nos apresentamos também na Feira da Sapatilha, em Joinville (SC), e cada vez mais o público nos cobra a presença. É uma característica nossa levar o balé para o interior do Brasil”, revela Teixeira.
Apresentações recentes
Pela primeira vez a CBB conta com o apoio de uma grande produtora. A Dell’art organizou a duas últimas apresentações, em um lotado Teatro João Caetano, nos dias 18 e 19 de agosto, e está à frente, também, das três apresentações de setembro (dias 11, 12 e 13), no Teatro Carlos Gomes, ambos no Rio de Janeiro. No João Caetano, foram convidados os bailarinos Juan Pablo Ledo (1º Bailarino do Teatro Colón, da Argentina) e Daniel Camargo (Bailarino do Stuttgart Ballet, da Alemanha), que participaram de “Gisele”. Já no Teatro Carlos Gomes, o grupo vai encenar “Todos os Caminhos”, uma coreografia tríplice, voltada para a dança contemporânea. “Esse novo espetáculo foge um pouco da nossa linguagem. Vamos apresentar um trabalho contemporâneo, mas em pontas, já que o clássico não poderia deixar de estar presente”, afirma.
Teixeira revela, ainda, que o grupo recebeu um convite para representar o Brasil no Fórum de Dança de Mônaco, em 2010. “Abriremos a noite com um ensaio aberto do que vamos apresentar em Monte Carlo. Em seguida, mostraremos as coreografias de ‘Entre os dedos’ e ‘Todos os caminhos’, com participação do pianista Vítor Araújo, que tem 19 anos e é uma revelação da música erudita no Brasil” explica.
Caça talentos
A busca por novos bailarinos acontece no Conservatório Brasileiro de Dança e através da ONG Projeto Ciranda, que atua em comunidades carentes e já descobriu talentos não só no Brasil, mas em toda a América do Sul. Uma bailarina começa a dar seus primeiros saltos a partir dos 7 anos, com 14 começa a estagiar na companhia e, aos 16, passa a integrar oficialmente o grupo, que conta, hoje, com 42 membros. Já entre os meninos, é comum o adolescente ingressar somente aos 13 ou 14 anos, devido, muitas vezes, ao preconceito dos familiares.
Jorge Teixeira, que é formado em belas artes, explica que só começou a trabalhar com dança aos 25 anos. “Me especializei em dar aulas e vi que estava no caminho certo, que era isso que eu queria”, avalia Jorge, que revela quais são as condições básicas para quem sonha com um futuro no balé. “Vocação é o que conta. A pessoa precisa ser determinada e ter força de vontade, além de um jogo de cintura muito grande”, aconselha.
Contatos
Disque Dell’Arte: (21) 3235-8545 / 2568-8742
Cia Brasileira de Ballet: (21) 2568-1988 / 2568-6230 www.ciabrasileiraballet.kit.net / www.conservatoriadanca.com.br
Rua Santo Afonso, nº 153, Tijuca – Rio de Janeiro
Por Ive Andrade
De 4 a 16 de agosto, o Teatro de Dança organizará a primeira edição do projeto Plataforma Estado da Dança, que pretende ser um evento anual. Serão 21 espetáculos, entre eles 15 premiados pelo último edital do ProAC (Programa de Ação Cultural/2008), da Secretaria de Estado da Cultura. A programação também inclui mesas redondas com convidados e a presença de curadores e programadores do universo da dança nacional e internacional, que acompanharão a maratona de perto na intenção de conhecer a cena artística paulista.
Está confirmada a presença de Guy Darmet, da Bienal de Dança e Maison de La Danse de Lyon, um dos nomes de destaque da dança na França. Além dele, Mary Luft, da Tigertail Productions, de Miami, nos Estados Unidos, marcará presença no evento. Do Brasil, os convidados são Jacqueline de Castro, da 1,2 na Dança, de Belo Horizonte (MG); Marci Dornelas, do Festival Internacional de Artes Cênicas de Goiânia (GO); Cláudio de Souza, presidente da APD (Associação dos Profissionais da Dança de Londrina) e coordenador do Festival de Dança de Londrina (PR); Sacha Witkowski, do Festival Diagnóstico Contemporâneo, de Goiânia (GO); Arnaldo Siqueira, do Festival Internacional de Dança do Recife (PE); Marta Cesar, da Múltipla Dança, de Florianópolis (SC); Lucia Camargo, da Fundação Clóvis Salgado (MG); Gilsamara Moura, do Festival de Dança de Araraquara (SP); e Marcelo Zamora, do Fórum de Dança de São José do Rio Preto (SP).
Para registrar o Plataforma foram convidados três especialistas que produzirão textos a serem publicados no site do TD (www.teatrodedanca.org.br). Com foco em teatro, Matteo Bonfitto, ator, diretor, e pesquisador teatral, formado pela Escola de Arte Dramática da USP, pelo DAMS (Discipline Delle Arti, Della Musica e Dello Espettacolo), de Bologna, e pela Royal Holloway University of London. Célia Gouvêa é a responsável por comentar a dança. É formada pelo Mufra de Maurice Béjart, em Bruxelas, Bélgica, onde foi co-fundadora do grupo Chandra (Teatro de Pesquisa de Bruxelas). Kiko Araújo, roteirista e diretor, atual presidente da Associação Paulista de Cineastas (Apaci) é o especialista em cinema. Ele é formado pela Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (ECA – USP) e filmou, junto com Helena Ignez, o longa “Luz nas Trevas, a Volta do Bandido da Luz Vermelha”.
A programação do Plataforma Estado da Dança conta com três estréias e 18 espetáculos já conhecidos e apreciados pelo público. Mais informações em www.teatrodanca.com.br