Se o patrocínio é fundamental para a realização de um espetáculo, é igualmente importante como ferramenta de comunicação nas grandes empresas. No caso das companhias aéreas, uma marca apresentada em palcos de diferentes regiões pode ser grande diferencial conceitual – principalmente quando aliado a bons espetáculos. Dois ótimos exemplos de empresas que acreditam nesta ideia são as companhias aéreas Gol e Tam.
O diretor de Marketing e Cartões da Gol, Murilo Barbosa, diz que a instituição possui uma política de marketing voltada para seleção de atividades a serem patrocinadas. “Com essa política, que considero a base para realizar as seleções, fazemos um termo de patrocínio para o ano todo. Com isso, temos uma cota especial para peças teatrais, musicais, cinema, dança, ou seja, cultura em geral para o ano inteiro, fora outros segmentos apoiados pela Gol, como esporte”, afirma.
Segundo o diretor, uma agencia especializada na área trabalha em conjunto com a Gol. “Essa empresa conta com conhecedores da área artística, que realizam as triagens de forma mais criteriosa. Isso garante uma seleção mais técnica do princípio até o fim”, diz. A triagem é feita por meio de uma rodada de avaliações dos projetos apresentados à agência, depois, os selecionados vão para uma análise final dos profissionais. “Isso acontece de três em três meses, o que garante uma agenda para os dois semestres. Quanto aos projetos não selecionados, agradecemos a participação para que não percam as esperanças”, completa.
Outra empresa aérea inserida nesse fomento à cultura é a TAM, cujas diretrizes de patrocínio também são definidas anualmente e prevêem ajuda de custo tanto a peças teatrais quanto a teatros. Esse tipo de iniciativa faz parte do apoio à cultura que, segundo a assessoria de imprensa, é, ao lado do esporte, um dos pilares da estratégia de marketing.
Ao contrário da Gol, a própria equipe do marketing avalia as propostas com base no branding da companhia, conjunto de diretrizes para a gestão da marca da empresa que visam ao aumento e à perenidade de seu valor ao longo do tempo. Segundo informações concedidas pela assessoria de imprensa da TAM, entende-se que o patrocínio é a associação direta da marca ao projeto patrocinado. Para selecionar os que vão receber patrocínio, a empresa leva em consideração as praças em que os espetáculos serão exibidos, os atores que participam da montagem, a qualidade do texto e o valor do investimento, entre outros fatores, como a possibilidade de ações especiais para os clientes da TAM Fidelidade.
No momento, dois patrocínios estão sendo realizados pela instituição: “Vergonha dos Pés”, que está atualmente em turnê no Rio de Janeiro, e o projeto Teatro é um Show, em Maceió, de apoio a quatro espetáculos. O primeiro, intitulado “Curtas”, estrelado pela atriz Samantha Schmutz, foi encenado no período de 22 a 24 de maio. Os próximos são “Os Difamantes”, com Maria Clara Gueiros e Emílio Occiolo Neto, nos dias 22 e 23 de agosto; “Nós na Fita”, com Leandro Hassun e Marcius Melhen, nos dias 18, 19 e 20 de setembro; e “Advocacia segundo os Irmãos Marx”, com Heloísa Perissé, nos dias 6, 7 e 8 de novembro.
Como jogada de marketing mais abrangente, a TAM não se contém apenas em patrocinar peças nacionais. Há, também, o apoio a um complexo teatral em Buenos Aires, tendo como suporte o Passeo la Plaza, cujas peças são: “Gorda”, “El Joven Frankenstein”, “Baraka”, “Los Quiero Muchisimo”, “Comicos Stand Up 4”, “La Plaza de los Chicos”,”Rey Lear” e “Hairspray — El Musical”.
Para o diretor da GA Produções e Eventos, Gustavo Alcântara, todo patrocinador é visto como um investidor. “Temos que criar bons produtos para que tenhamos empresas interessadas em aliar sua marca. Quem investe sempre quer retorno e essa é a nossa preocupação com nossos parceiros, fazer com que eles tenham bons retornos em seus investimentos a nossos produtos”, informa o especialista em produções teatrais em Maceió (AL).
Ele explica que, como em qualquer segmento, uma produtora cria um produto e tenta captar o máximo possível para a viabilização e execução desse projeto. Segundo ele, se tratando do Nordeste do Brasil, essa captação é muito inferior ao que se consegue captar no Sul e Sudeste, pois a quantidade de empresas que investem nesse segmento é muito menor. Por isso, há dificuldades maiores de realização de grandes projetos no Nordeste. Sua produtora teve algumas de suas peças patrocinadas pela TAM, e, segundo o diretor, é possível que um patrocinador não seja suficiente. “Dependendo do valor do projeto é necessário mais de um patrocínio e alguns apoiadores culturais”, confirma.
Para um produtor, a importância de um bom patrocínio reside no custo benefício, que, com bons apoiadores, é possível diminuir o preço dos ingressos e assim atrair um público maior aos espetáculos. “É necessário contar com iniciativas como essa da TAM para promover a cultura, pois é quase impossível viajar com companhias de teatro em um país continental como nosso. Trazer bons espetáculos ao Nordeste é muito caro, e, sem os apoios, certamente não poderíamos fomentar a cultura”, completa.