“Em Uma Manhã de Sol”, com dramaturgia e atuação de Flávia Lopes e direção de Eduardo Vaccari, se apresenta em curta temporada no Centro Cultural Municipal Parque das Ruínas, de 05 a 26 de outubro, com sessões sextas às 19h.
Com uma narrativa na terceira pessoa, o drama é inspirado em uma compilação de crônicas escritas pela atriz Flávia Lopes, desde o diagnóstico de leucemia do marido, em outubro de 2016, passando pela internação às pressas no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE), local que frequentou por sete meses como acompanhante, até o transplante de medula óssea 50% compatível, ocorrido um ano depois da descoberta da doença no Hospital de Amor, em Barretos, São Paulo.
Buscando formas de se conectar com o mundo fora do hospital e tentando sobreviver em um ambiente muitas vezes árido, Flávia passou a postar textos autorais em seu facebook onde, por meio de uma escrita poética e humanizada, falava sobre a fragilidade da vida no risco iminente da morte. Aos poucos, com a repercussão de suas publicações, a artista ampliou sua fala e mesclou aos seus contos histórias de outras mulheres presentes naquela unidade de saúde, formando um coro feminino em uníssono: mães, esposas, pacientes, enfermeiras, técnicas em enfermagem, cuidadoras, psicólogas e médicas. Um solo narrativo polifônico que nasce no momento em que a história de Flávia e do marido ultrapassa o nível individual e torna visível a decadência da saúde pública no nível social, sobretudo a do HUPE, onde, na época, com a falta de repasse de verba do Governo do Estado, os funcionários trabalhavam em condições precárias e sem receber os salários por mais de três meses.
“No meio de uma guerra pessoal, que era a doença do meu marido, vivia uma guerra social, o corpo hospitalar do Hospital Universitário Pedro Ernesto e UERJ, que também seguiam doentes. Senti vontade de falar da vida dentro daquele hospital público, para tornar visível o que parece invisível. Com o tempo e o alcance das publicações, muitas pessoas me falavam para fazer algo com essas histórias que eu escrevi. Eu só podia imaginar o teatro para dar voz e corpo a elas”, destaca Flávia, que pela primeira vez estará sozinha em cena.
Uma médica que precisa escolher qual entre dois pacientes com risco de morte receberia a única bolsa de sangue daquele dia; uma enfermeira – sem salário - que abrigou em sua casa uma paciente de outra cidade que não tinha condições de custear a viagem de ida e volta ao hospital para dar continuidade ao tratamento; uma enfermeira – também sem salário - que comprou por conta própria uma pomada anestésica e um esparadrapo antialérgico para um paciente; são algumas das histórias tocantes e cheias de compaixão, que atravessam a história de Flávia, contadas na terceira pessoa pela personagem “Ela”, uma narradora afetiva que conhece intimamente as situações vividas naquele hospital.
O mergulho na memória e nos textos escritos pela atriz Flávia Lopes são ferramentas para o diretor Eduardo Vaccari encontrar a ludicidade e a musicalidade do espetáculo que nasce do corpo, das palavras, dos silêncios e das imagens criadas no espaço.
“Mesmo tendo escrito diversas histórias e, portanto, já existindo um grande material dramatúrgico, achei que meu olhar deveria estar voltado para a Flávia. Para seu corpo em ação. Para recolocar seus afetos em movimento. Para reativar na atriz suas sensações, imagens e metáforas. Em todo momento eu estava muito mais interessado em ‘como aquela situação a afetou, a tocou’ do que em ‘como aquela situação aconteceu’. A poesia, a imaginação e a afetividade guiariam todas as nossas escolhas cênicas.", explica Vaccari
O cenário, de Carlos Alberto Nunes, é composto por uma grande caixa de areia que surge como elemento simbólico do tempo, que escorre pelas mãos, que se transforma de acordo com o seu manusear ou até mesmo como um grão de areia no universo. A trilha sonora autoral, criada em coletivo e dirigida por Karina Neves e Bruno Danton, remete ao som do ambiente hospitalar.
Sinopse
Solo inspirado em uma compilação de crônicas escritas pela atriz Flávia Lopes, desde o diagnóstico de leucemia do marido, em outubro de 2016, passando pela internação às pressas no Hospital Universitário Pedro Ernesto (HUPE) até o transplante de medula óssea 50% compatível, ocorrido um ano depois da descoberta da doença. Um olhar poético e humanizado sobre a luta pela vida, solidariedade e resistência em um ambiente hospitalar e seus personagens reais.
“EM UMA MANHÃ DE SOL"
Temporada: 12, 19 e 26/10/2018
Dias e horários: sextas, 19h
Local: Parque das Ruínas
Endereço: R. Murtinho Nobre, 169 - Santa Teresa
Informações: 2215-0621
Ingressos: R$30 /R$15
Capacidade: 80 lugaresDuração: 60 min
Gênero: drama
Classificação: 14 anos
Gênero: drama
Direção: Eduardo Vaccari
Atuação: Flávia Lopes
Dramaturgia: Flávia Lopes
Colaboração dramatúrgica: Aline Macedo e Eduardo Vaccari
Pesquisa e Organização dramatúrgica: Aline Marosa e Flávia Lopes
Direção Musical: Karina Neves e Bruno Danton
Cenógrafo e Figurinista: Carlos Alberto Nunes
Cenógrafa e figurinista assistente: Arlete Rua
Iluminação: Ana Luzia de Simoni
Visagismo: Mona Magalhães
Preparação Vocal: Paula Santoro
Instrutora de Yoga: Nina Krieger
Assessoria de imprensa: Lyvia Rodrigues (Aquela que Divulga)
Design gráfico: Guilherme Fernandes
Fotos: Rodrigo Menezes
Produção: Pagu Produções Culturais
Flávia Lopes – autora e atriz
FLÁVIA LOPES - atriz, diretora, mascareira e professora de Teatro. Mestranda pela UNIRIO e Bacharel em Artes Cênicas e Licenciatura Plena em Educação Artística pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - UNIRIO. Fundadora da Cia. Dos Bondrés, As Comediantes, Atelier Gravulo e Os Sanzussô - Povo de Teatro. Exerce suas pesquisas na linguagem de Teatro de Formas Animadas, Palhaçaria, Bufonaria e Comicidade. Aprofundou suas pesquisas na Arts Foundation TRI PUSAKA CAKTI – Studies of Balinese Dance (TOPENG MASK) em Bali e no Théâtre du Soleil na França.
EDUARDO VACCARI- DIRETOR
EDUARDO VACCARI é ator, diretor e professor de Teatro. Doutor em Artes Cênicas pelo PPGAC-UNIRIO / Université Paris III - Sorbonne-Nouvelle. Atualmente é professor adjunto de Artes da FEBF/UERJ e da Faculdade Cesgranrio. Dirigiu recentemente os seguintes espetáculos: “Arsênico e Alfazema”, uma adaptação da obra de Joseph Kesselring; “O Bigode”, uma adaptação da obra de Emmanuel Carrère; “A Prosa delas não é de panelas” uma criação coletiva com o grupo Do buraco sai o quê? "O Capote", uma adaptação da obra de Nicolai Gógol. Foi responsável, junto com o artista Renato Rocha, pela criação e direção de intervenções urbanas que aconteceram durante o período das Olimpíadas no Rio de Janeiro no “Projeto Rio 2016: Olimpíadas dos direitos de crianças e adolescentes”. Este projeto foi financiado pela União Europeia e contou com a parceria da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), Viva Rio, ISCOS Piemonte, ECPAT França, UNICEF, Childhood, Prefeitura do Rio de Janeiro e Prefeitura de Porto Alegre. É coordenador e professor do Maschere - Ateliê de Pesquisa em Máscaras Teatrais. Pesquisa a comicidade e as máscaras teatrais desde 1996. Foi integrante da Companhia dos Bondrés, com a qual desenvolveu pesquisa sobre máscaras e manipulação de objetos por cinco anos, atuando nos espetáculos "Instantâneos" e "Oikos".