Por Fernando Pratti, São Paulo
A cidade de São Paulo comemora a chegada de mais um espaço para apresentações culturais e eventos. No dia 5 de abril, foi inaugurado o Salão Nobre do Viradalata Espaço Capital, localizado no bairro de Perdizes, na zona Oeste. O novo teatro tem capacidade para 273 pessoas e completa o espaço criado em 2008 pela diretora artística, atriz e produtora Alexandra Golik, fundadora da Cia Le Plat Du Jour, juntamente com Carla Candiotto. Para completar o projeto, o local recebeu investimentos próprios da ordem de R$ 6 milhões.
Segundo a realizadora, o início de tudo foi para resolver o problema da pauta e obter um espaço onde as peças da Le Plat De Jour pudessem ser exibidas. “A minha primeira companhia foi fazendo muito sucesso com teatro infantil e tínhamos de ficar mendigando ou procurando onde apresentá-las. A ideia era fazer um teatro do meu tamanho e o espaço que temos hoje é o que precisávamos. Até mais, porque quem coloca 273 pessoas na atualidade, pode-se dizer que está bastante bem. Sobretudo quem não faz TV”, falou Alexandra.
Neste momento, o complexo recebe cinco peças simultâneas, sendo três infantis: “Peter Pan e Wendy”, às 15h30 do sábado; um festival, na sequência, que contempla um espetáculo diferente a cada sábado do mês de maio; e mais a comédia adulta “Vilcabamba”, às sextas-feiras, 21h30, e sábados, 21h, todas produções da Le Plat Du Jour. Às 11h do domingo, a companhia Viradalata, também de Alexandra Golik, apresenta o infantil “Coquetel de Fadas”. Para completar a programação, na próxima terça-feira (7 de maio), às 21h, estreia o “Em Breves”, com o grupo Barbixas, conhecido por seus improvisos. “O espaço está aberto para outros espetáculos e outras companhias, mas eu não vou deixar de fazer coisas minhas também, como sempre fiz em vários teatros de São Paulo”, revela a diretora.
Alexandra conta que o projeto Viradalatas – cujo nome homenageia os seus atuais 27 cachorros sem raça conhecida - começou em 2008, quando ela adquiriu um terreno onde existiam duas casas antigas que foram demolidas para dar lugar ao novo local. “A prefeitura aprovou uma planta e eu fiz um teatrinho fofo de cem lugares. Quando estava pronto para a abertura, fui avisada que houve um erro e eu não poderia abrir um teatro nessa rua (Capital Federal). Meio sem opção, eu já tinha o terreno do outro lado e abri no improviso uma entrada pela portaria atual, na Apinajés, que durou cinco meses”, revelou a idealizadora.
O projeto chama a atenção pelos detalhes bem planejados e pela qualidade do que foi construído. Nos tijolos, por exemplo, é possível ver o logo do teatro, os balcões são de granito, há dois elevadores para pessoas com mobilidade reduzida, cadeiras BMR para obesos, muita iluminação, vallet na porta, restaurante com mesas para quem aguarda as peças e um espaço verde, que é utilizado para as crianças gastarem energia antes dos espetáculos. “Tenho urdimento para pendurar coisas e muito espaço. É só questão de nos organizarmos, pois está tudo bem equipado”, analisou.
Apesar de recém-inaugurado, ainda cheirando a novo, e de se localizar numa área com pouca tradição cultural, o espaço já está praticamente consolidado entre o público infanto-juvenil e o desafio agora é que se torne conhecido também dos adultos. “Temos recebido uma média de 500 pessoas por dia. Tá bombando demais. O adulto é um outro público que ainda não pegou, porque as pessoas não conhecem ainda. Então, a moçada precisa começar a vir. Um mês é muito pouco, mas estamos num local muito central, que é Perdizes, ao lado da MTV. As pessoas podem deixar o carro na porta, podem comer e a poltrona é tão confortável, que se as pessoas não estiverem gostando da peça, podem até dormir”, brinca a atriz.
Para aproveitar o bom espaço, que conta com foyer, restaurante, área verde, oficina e depósito de cenários, camarins, balcão e áreas sociais, nos horários vagos o complexo também é utilizado para a realização de eventos. “Da outra vez, o espaço ficou aberto por só cinco meses, então pouca gente conheceu. Agora, ele está funcionando e pronto para receber eventos. Aliás, espero receber bastante eventos para dar um ´up´ nessa questão da grana, porque tudo foi feito com material de primeira e ainda tenho contas a pagar”, disse Alexandra, revelando que tem recebido muitos pedidos de escolas para apresentações fechadas também durante a semana.
Com à área útil quase que completamente tomada, a diretora pensa agora em implantar um espaço cabaret, que ficaria ao fundo do palco, que pode tanto atender apresentações para públicos menores, quanto servir de anexo. “Fisicamente e em termos de equipamentos, eu acredito que consegui colocar aqui o que há de melhor, com som de primeira”, comemora a idealizadora.