A 22ª edição do Festival de Curitiba fez cruzar informações importantes dentro do Brasil de diversidades culturais múltiplas. Além do show "A Música e a Cena" da Cida Moreira no Teatro Guairão, os atributos físicos do espaço cultural chamaram atenção, com escadas giratórias, iluminação charmosa, palco com estrutura de primeiro mundo e um auditório enorme.
A origem do Teatro Guaíra remonta à segunda metade do século 19, quando a Assembleia Provincial doa à Sociedade Teatral Beneficiente União Curitibana terreno para a construção do Theatro São Theodoro, nome dado em homenagem a Theodoro Ébano Pereira, fundador da cidade de Curitiba. O terreno era o mesmo onde hoje está a Biblioteca Pública do Paraná, à rua Dr. Muricy.
O Theatro São Theodoro é inaugurado em 1884 lotando plateias, camarotes e galerias. Por dez anos é o centro da vida cultural de Curitiba. Com a chegada da Revolução Federalista ao Paraná em 1894, as apresentações artísticas são suspensas. As dependências do teatro transformam-se em prisão dos rebeldes pelas forças legalistas e o São Theodoro entra em decadência. Essa situação permanece até 1900, quando é reinaugurado com o nome de Theatro Guayrá.
Em 1939 o Theatro Guayrá é demolido e, ao mesmo tempo, inicia-se campanha pela construção de um teatro oficial na cidade, liderada pela Academia Paranaense de Letras. O projeto para a construção do teatro é escolhido no final dos anos 40 e a construção iniciada em 1952. Nessa década, o Paraná experimenta o apogeu da economia do mate e na região norte o início da expansão cafeeira a partir do Estado de São Paulo.
A economia em expansão aliada a um contexto político favorável, como foi o governo de Bento Munhoz da Rocha Neto, contribuem para que a década de 50 seja para Curitiba um período de expressiva evolução cultural. Nessa época, além do Teatro Guaíra, são idealizados outros tantos projetos, como a Biblioteca Pública do Paraná e o Centro Cívico.
O projeto arquitetônico do atual Teatro Guaíra é do engenheiro Rubens Meister (1922 – 2009), um dos precursores da arquitetura moderna no Paraná e um dos responsáveis pela implantação do curso de Arquitetura na UFPR, em 1962. Rubens Meister é também autor de prédios importantes como o Panteão dos Heróis da Lapa (1943), o Auditório da Reitoria UFPR (1956), o Centro Politécnico (1956), o Edifício Barão do Rio Branco (1958), a Prefeitura Municipal de Curitiba (1969), a Estação Rodoferroviária de Curitiba (1976), o Centro de Atividades do Sesc da Esquina (1985) e a restauração do Palácio Avenida (1990).
A construção do Teatro Guaíra é iniciada em 1952 e em 1954 é inaugurado o primeiro de três auditórios que compõem o edifício: o Auditório Salvador de Ferrante, conhecido também como Guairinha onde, em 1955, têm início as apresentações dos espetáculos. O grande auditório Bento Munhoz da Rocha Netto, também conhecido como Guairão, cuja inauguração estava prevista para 1971, é inaugurado em dezembro de 1974, depois de ser reconstruído após um incêndio em abril de 1970, que o deixou substancialmente destruído.
Em 28 de agosto de 1975 é inaugurado o último auditório, Glauco Flores de Sá Brito, também conhecido como Miniauditório, completando o projeto do complexo cultural, que a partir de então passava a se chamar Fundação Teatro Guaíra. O espaço total dos auditórios passa a ser de 16.900 metros quadrados, com uma capacidade total de 2.757 lugares.