Por Rubens Barizon
De Curitiba
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Bruno Guida e Dagoberto Feliz, que não são de nenhuma companhia e ambos são diretores da peça teatral ´The Pillow Man´, falam que demoraram cincos anos para juntar recursos e montar a peça, explicam as diferenças entre as peças que reproduzem o mesmo texto ao mesmo tempo, passeiam por assuntos da produção teatral e patrocínio.
Um realismo, britânico bem como o texto é, faz de chave a peça dirigida pelo Bruce Gomlewsky que leva a tradução em português ´O Homem Travesseiro´. Já a
interpretação da dupla Bruno e Dagoberto sobre o texto do irladês Martin McDonagh, usa o artifício do bufão, uma deformidade dos personagens, um filtro
laranja, azul, para a plateia enxergar por uma lente subversiva.
´Qualquer coisa que se faz aqui no Brasil. Pode ser a coisa mais comercial, com atores que fazem personagens de novela; tudo é bem difícil de se montar. Ainda mais quando se depende de lei de incentivo ou de investimento privado (ainda mais difícil). Principalmente porque é uma peça longa com duas horas e quarenta de duração que fala de criança morta. O Bruce ainda ganhou um prêmio que possibilitou montar a peça. A temática é muito difícil. Quando a gente chegava nas empresas para oferecer a peça, os representantes perguntavam sobre o que falava o texto e nós dizíamos que era sobre a morte de uma criança, era complicado. O Bradesco não queria patrocinar, outras empresas também se negaram´, comentou Dagoberto sobre o dilema para a montagem.
JT-Como foi a aceitação do público com respeito a duração?
Dagoberto- ´Se for bom não tem problema. Não importa a duração´ O diretor ainda afirma que existem peças com 20 minutos que são horríveis. Bruno lembrou,´nós pensamos até em cortar algumas parte quando estávamos quase prontos, mas não dava para enxugar nada. O texto é aquele ali´.
JT-Quanto tempo em cartaz?
A Dupla- Foram seis meses em cartaz, com três temporadas diferentes emendando uma na outra, dando uma pausa apenas para mudar de teatro. Tudo em São
paulo.E não pretendemos parar agora não. Esperamos sempre novas propostas, incentivos para continuarmos.
Sobre as ajudas financeiras, os diretores contaram com o dinheiro público, com a MetalFrio e a Dufry. ´Eles resolveram bancar a gente, e na última temporada tivemos apoio da Porto Seguro´. Os profissionais do The Pillow Man seguem procurando apoio. ´A ligação com os patrocinadores é praticamente pessoal, alguém da Metalfrio é ligado a literatura irlandesa e isso deu continuidade ao incentivo da empresa à peça, por terem sido reportados que o texto é de utilidade pública e tem qualidade. Saber vender o seu peixe ajuda bastante na hora da captação de recurso. O difícil é chegar no diretor da marketing da empresa´, disse o intenso Bruno Guida, que ainda interpreta o policial Ariel na peça, além da direção.
Por fim, um depoimento da dupla de diretores:
´A situação cultural no Brasil é difícil, triste, democrática. Na verdade é complexa, eu precisaria de pelo menos cinco horas´, questionou Bruno Guida.
´As referências críticas estão sumindo´, por Dagoberto Feliz