Entrevista com Ney Motta: assessor, autor. Um profissional da arte

Por Rubens Barizon
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Para falar de produção o Jornal de Teatro convidou para a entrevista, o assessor de imprensa e autor teatral, Ney Motta. 

Sobre a sua trajetória o entrevistado lembrou: “a 1ª vez que entrei em uma redação (anos 1990) foi para levar fotos do espetáculo “Sonhos” para Roberta Oliveira no Globo. Era uma época produtiva para os assessores de imprensa, pois eram muitos jornais e críticos teatrais. O trabalho era com os vários jornais e rádios, e somente alguns programas de TV - Não tinha internet. Em dado momento a Prefeitura do Rio criou a Rede de Teatros com diretores como programadores, o que permitiu um salto na programação cultural, um novo encontro com os espectadores. Recentemente, conversando com o Presidente da Rio Arte na época, ele me contou que o objetivo das lonas culturais era a de promover um acesso transitório do público aos produtos culturais. E com o tempo essas lonas dariam lugar a teatros. Mas alguns interesses impediram que isso ocorresse”.

Com respeito as suas competências e atuações no mercado cênico, Ney pontua: “Em 2002 eu fui produtor executivo do espetáculo “A Tragédia de Hamlet”, do Peter Brook, apresentado no Teatro Carlos Gomes do Rio de Janeiro. Não é possível fazer teatro olhando apenas para dentro, é preciso olhar para a periferia. Até mesmo como o público chega ao teatro é preciso pensar. Os anos em que eu fui assessor de comunicação da Companhia Ensaio Aberto, entre 2000 e 2004, também foram um exercício deste olhar para o entorno”.

“Os editais ainda são muito tímidos se pensarmos nas necessidades que a classe artística tem para criar e se manter.. Acontece que o que se consegue com os editais são as pequenas verbas. Muitos trabalhos não se pagam. Ou melhor, paga-se o mínimo para os técnicos e menos ainda para os artistas. Não há dignidade nisso. A solução é um estímulo a nível municipal, estadual e federal para que as empresas privadas adotem grupos teatrais, de dança, etc.”, diagnosticando a possibilidade de atuação dos poderes públicos como solução para melhorias no mercado das artes cênicas.

Quando o assunto chegou na formação de plateia, Ney Motta informou : “A produtora Ana Luisa Lima está preparando um estudo para um mestrado. Aguardo ansioso por isso. Desconheço uma pesquisa científica, digo uma análise de um instituto como o IBGE sobre o assunto. Sabemos que uns espetáculos lotam e outros não. O que precisamos no Rio de Janeiro e no Brasil é uma rede de teatros robusta, como há em São Paulo. Podíamos ter pequenas salas teatrais nas escolas. Se pensarmos nas estruturas dos CIEPS isso seria perfeitamente possível. O Centro Cultural São Paulo tem uma estrutura similar aos CIEPS e possui várias salas teatrais, auditório, biblioteca, dezenas de salas de ensaios. É perfeitamente possível construir pelo menos um espaço neste modelo em cada bairro”.

A mensagem de Ney Motta para o dia 27 de março é um verso de um palhaço: "Vá em frente home, alegra este povo inteiro que sorri quando te vê, porque se um dia você parar e deixar de fazer o povo rir, não vai ter mais razão de ser”.

Ney ainda cita Cacilda Becker para reforçar a mensagem: “O artista precisa continuar, mas precisa também manter a sua dignidade não me peça a única coisa que tenho para vender".

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