O Massa Grupo de Teatro está em cartaz com seu primeiro espetáculo no Teatro Glaucio Gill, em Copacabana , no Rio de Janeiro.
“Capivara na luz trava” fala de questões como o desejo e o medo humano fazendo uso da linguagem teatro-dança. O elenco é formado por Clara Maria, Fifo Benicasa, Juan Guimarães, Luca Ayres, Mariana Dias, Sabrina Fortes sob direção de Fernando Nicolau.
A montagem aborda a situação de uma família que vive em uma aldeia cultivando melões para alimentar seu rebanho de capivaras. Com a chegada de um estranho, símbolo da invasão urbana, o grupo vê de perto a finitude de sua existência. O surgimento desse sexto elemento coincide com a devastação de toda a plantação por uma chuva torrencial.
A temporada segue até 20 de dezembro, às quartas e quintas-feiras, sempre às 21h. O trabalho é inspirado no conto “Desengano”, de Diego de Angeli, e conta com supervisão dramatúrgica da psicóloga e psicanalista Viviane Mosé.
Em entrevista ao Jornal de Teatro, Fernando Nicolau fala sobre o processo de criação da peça.
JT: O que te mobilizou no documentário "Florestas e Homens" que você trouxe pra construção da peça?
FN: A frase que está inserida na narração ''Nós destruímos o essencial para produzir o supérfluo'' disparou o processo de pesquisa teórica para a criação do espetáculo fora e dentro da sala de ensaio.
JT: A escolha do teatro-dança, com o trabalho do coreógrafo Juan Guimarães, apresenta o ser-humano com trejeitos animalescos. O que o homem representa nesta peça?
FN: A escolha da linguagem teatro-dança para o ''Capivara na luz trava'' traduz boa parte da minha pesquisa cênica, bem como a do coreógrafo Juan Guimarães. A presença da técnica Ginástica Natural, que simula o corpo do animal e do homem primitivo, como preparação corporal do intérpretes, durante 13 meses ininterruptos, foi intencional e engrandecedora - já que dialoga com o universo criado para a dramaturgia do espetáculo. O homem representa sua própria figura sem registros culturais comuns a nossa identificação.
JT: Como se deu o processo de criação da dramaturgia?
FN: Inicialmente, na metodologia de criação do texto havia um dramaturgo, Diego de Angeli, em sala de ensaio constantemente - acompanhando de perto o desenvolvimento da pesquisa de movimento, criação de composições, partituras e cenas. Mais adiante, o método foi transformado. Angeli iniciou a criação de um conto - a partir de tudo que experimentou na sala de ensaio -, no qual hoje "Capivara na luz trava" é livremente inspirado. A dramaturgia foi criada por mim e por Juan Guimarães.
Massa Grupo de Teatro
Formado em 2008 por cinco artistas – Clara Maria, Fernando Nicolau, Fifo Benicasa, Mariana Dias e Sabrina Fortes –, o MASSA iniciou sua pesquisa de linguagem teatral com intervenções urbanas na cidade do Rio de Janeiro. Nesta primeira experiência cênica, a investigação de personagens, a performance, a dança, o cinema e a literatura foram disciplinas que balizaram os caminhos do grupo no espaço público.
Após três anos de trabalho, dois artistas se integraram ao MASSA, Luca Ayres e Juan Guimarães. Outros questionamentos acerca da produção artística da companhia foram, naturalmente, surgindo. A dramaturgia no movimento – utilização da musculatura emocional em cena –, feita agora em espaços privados, é o foco do estudo e da pesquisa que dão origem ao espetáculo inédito e autoral “Capivara na luz trava”.