O Grupo Tapa irá ocupar o Teatro de Arena Eugênio Kusnet durante todo o ano de 2013, apresentando espetáculos de seu repertório. A estreia acontece sexta-feira, dia 26 de abril, com o premiado espetáculo “Breu” de Pedro Brício, peça convidada pelo projeto.
Há quase 35 anos o projeto da companhia de teatro de repertório Tapa trabalha com encenações que constituem instigantes diálogos, não apenas com a cultura brasileira, mas com a ideia de cultura como um valor que distingue os homens dos demais. Pelas mãos do diretor artístico Eduardo Tolentino de Araújo, chegaram ao público textos de autores como August Strindberg, Luigi Pirandello, Tennessee Williams, Nicola Maquiavel, Martins Pena, Artur Azevedo entre tantos outros.
Algumas montagens poderão ser revistas no projeto Tapa no Arena - Uma Ponte na História, no tradicional espaço de experimentações e marco da resistência contra o período da ditadura. Não por acaso, a peça de estreia é "Breu" história ambientada nos anos 70, durante a ditadura militar.
[ As peças estão sendo adaptadas para o palco de arena, pois todos os espetáculos foram concebidos para o palco italiano. O cronograma de apresentações começa no dia 26 de abril e segue até o dia 22 de dezembro, com espetáculos de quarta a domingo. Após “Breu”, seguem as estreias de “Srta. Julia”, em 1º de maio, “Viúvas”, no dia 8 de maio e “Orfãos”, no dia 7 de junho ]
Mais do que fazer um relato histórico, “Breu” trata das precárias relações humanas que se alteram constantemente e geram infinitas leituras e invenções do outro e dos acontecimentos.
Como previsto, no dia 26 de abril “Breu” abre a ocupação o Teatro de Arena Eugênio Kusnet com a história que se passa em uma casa do subúrbio do Rio de Janeiro, nos anos 1970, durante a ditadura militar. Carmem e Aurora encontram-se para fazer cachorros-quentes. Este era um primeiro encontro de trabalho na casa de Carmem que é uma personagem cega. Assim, optaram falar da cegueira, física e metafórica e apresentarem o projeto para o dramaturgo carioca Pedro Brício. O que parece ser um encontro cotidiano se transforma em medo e desconfiança, definição da ditadura no Brasil. O que leva o espectador e as personagens a uma narrativa de suspense. As diretoras Miwa Yanagizawa e Maria Sílvia Siqueira Campos queriam chegar a uma dramaturgia com outras vias de percepção, não para transformar a peça em um teatro de sensações, porém em uma tentativa de retirar coisas do invisível e contar uma história sem usar só a referência visual.
“Breu” foi pela Questão de Critica o melhor espetáculo e iluminação, pela APTR o melhor cenário e ao prêmio Shell teve a indicação da atriz Kelzy Ecard.
No dia 1º de maio estreia a peça “Senhorita Julia”, de August Strindbergescrita em 1887. Um marco da dramaturgia naturalista que na versão do TAPA ganha contornos de peça-sonho. Através do embate entre uma jovem aristocrata (Anna Cecília Junqueira) e seu criado (Augusto Zacchi), Strindberg aborda seus temas recorrentes: a disputa entre os sexos e as classes e a contradição entre pulsão erótica e realidade. A ação acontece sempre sob o olhar atento da cozinheira (Paloma Galasso) que com sua presença corrobora a máxima, imortalizada anos depois por Jean Paul Sartre: “O inferno são os outros”.
Na segunda semana de maio, dia 8, “Viúvas”, de Artur Azevedo, sobe ao palco arena e é ambientado no inicio do século como um espetáculo composto por três comédias curtas em que três viúvas apresentam suas estratégias para conseguir um casamento. A partir desse tema provocativo o autor maranhense Artur de Azevedo expõem os valores do final do século 19. Escritas em anos diferentes, os textos que compõem o espetáculo são Amor por Anexins (1870), Uma Consulta (1901) e O Oráculo (1907).