Usina das Artes agora é projeto de lei

Por Felipe Prestes

Desde 2005, a Secretaria Municipal de Cultura de Porto Alegre dinamiza a utilização  do Centro Cultural Usina do Gasômetro, um dos mais importantes da cidade. Através do projeto Usina das Artes, grupos de teatro, de dança e de música podem gerir espaços dentro do prédio, afim de realizar pesquisas, oficinas, cursos e apresentações, dentro do conceito de território cultural.  


No último dia 13 de maio, essa ideia de gestão da usina pelos artistas se consolidou como política cultural da cidade e se tornou projeto de lei, que prevê a utilização de, no mínimo, seis espaços do prédio para o Usina das Artes. A sanção da lei se deu pelo prefeito José Fogaça e pelo secretário municipal de Cultura, Sérgius Gonzaga. Este último destacou as mudanças que ocorreram desde a implantação do projeto. "O local parecia um cemitério, agora há um público permanente".

 
O prefeito lembrou que foi o trabalho dos artistas que impulsionou o projeto de lei. "Esta lei consagra a ação legítima de ocupação dos grupos, durante os quatro anos de projeto". Fogaça acredita que se inicia um novo enfoque de política pública para a Cultura em Porto Alegre. "É muito importante valorizar os grupos que têm uma filosofia, uma ideia de continuidade, de pensar a médio  e longo prazo".  
A classe artística teve presença maciça no Paço Municipal para a cerimônia de sanção da lei. "Este projeto deve ser seguido pelo Governo do Estado e por outros municípios em todo o Brasil", acredita a atriz e bailarina Fernanda Carvalho Leite. Celso Veluza, do Neto (Núcleo de Estudos do Teatro do Oprimido), relata as portas que se abriram com o Usina das Artes. "Comecei com a ajuda de grupos que tinham salas na usina, há um ano consegui meu próprio espaço. Não tenho mais problemas de espaço para ensaiar, para criar, com luz, e a assessoria do Gasômetro nos auxilia inclusive na divulgação de nosso trabalho".  


Fernanda Melchiona, vereadora do Psol, mesmo fazendo oposição no município, apoiou o projeto. Integrante da Comissão de Educação e Cultura, relatou que este é o exemplo de ocupação do espaço público que espera para a cidade. "Acho que foi um avanço possibilitar a auto-gestão, as oficinas e ocupar o espaço ocioso. Existem diversos prédios abandonados na zona central, achamos que esses espaços têm que ser ocupados para prover educação e cultura, através de uma gestão democrática como a da usina".  
Atualmente, nove grupos ocupam os espaços da Usina. Para tanto, foi preciso passar por um processo de seleção que exigia uma série de pré-requisitos, como um trabalho continuado com, no mínimo, três anos de existência, além do cumprimento de uma temporada com o mínimo de quatro semanas e seis apresentações do grupo, além da  realização de oficinas bimestrais. Os grupos também precisam se comprometer a realizar atividades com entrada franca em um dia do mês. 

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Participam do Projeto: Grupo Tato (dança), Eduardo Severino Cia. de Dança (dança), Grupo Seele Tanz (dança), Cia. Teatro Lumbra (teatro de sombras), Cia. Teatrofídico (teatro), Cia. Gente Falante (teatro de bonecos), Neelic (teatro), Santa Estação Cia. de Teatro (teatro) e Vamos Cantar Produções (música).

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