Classe artística diverge sobre o Vale-Cultura

Por Bruno Pacheco

O projeto de lei do Vale-Cultura (PL 5798/2009) mal começou a ser votado na Câmara dos Deputados e já gera debates e discussões a respeito do seu principal objetivo: fomento do consumo de bens culturais no país. Durante a cerimônia de lançamento do programa, realizada em São Paulo no último mês, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva teve o apoio de alguns artistas representando a classe. Porém, a opinião dessa está longe de ser unânime. O Jornal de Teatro ouviu artistas, produtores e diretores a respeito da nova lei. Veja o que eles pensam:

“Creio que toda forma de incentivo a cultura é válida. Ao analisar a lei proposta, porém identifico que esta pouco contribuirá para a valorização da cultura do indivíduo. O valor oferecido de R$50 é bastante baixo. Seria melhor o governo reforçar com essa verba os programas federais já existentes, ou aplicar nos demais estados programas que já deram certo em outras localidades, como o “Domingo é Dia de Teatro a R$ 1,00”, desenvolvido pela prefeitura carioca, ou a “Virada Cultural”, da prefeitura paulistana. A recente “Festa do Teatro”, contando com a adesão e boa vontade de produtores e artistas, distribuiu mais de 32 mil ingressos para 118 espetáculos.
André Moretti
Produtor de Espetáculos

“Acho que o governo se meter na iniciativa privada é complicado. A lei da meia-entrada é um exemplo. A produção que não tem subvenção ou patrocínio, fica com a arrecadação comprometida, pela metade. A gente acaba sendo punido pela lei, pois o aluguel do teatro não é pela metade, os profissionais não cobram a metade e assim por diante. Leis populistas ajudam uma camada, mas prejudicam outra. O tiro sai pela culatra. Acho que ao invés de se dar um Vale-Cultura deveria se investir em educação para a população adquirir gosto pela arte pela cultura. Isso é o básico”.
Edwin Luisi
Ator

“Leis foram criadas diretamente relacionadas com a arte dos espetáculos e algumas delas inclusive transportadas para outras áreas, inclusive os esportes, por exemplo: lei da meia-entrada nos teatros. Com esta lei, o valor dos ingressos teve considerável acréscimo com objetivo de ser chegar a um valor médio. O Estado, no caso, passou a fazer mesuras com o chapéu alheio. Informo que a lei do Vale-Cultura não está bem explicitada, sendo necessário fazer algumas indagações. É lamentável que o Estado tenha deixado de apoiar as campanhas de popularização do teatro (Vá ao Teatro, também conhecida como campanha da Kombi) A citada campanha durante os anos que funcionou chegou a levar mais de 300 mil pessoas em 40 dias aos Teatros do Rio de Janeiro. O mesmo ocorreu nas demais cidades onde a campanha foi realizada. Exemplo de boa gestão cultural temos, basta manter os mecanismos de acesso à cultura que já foram testados e comprovada a sua eficiência e benefícios”.
Eduardo Cabús
Ator, cantor, diretor e proprietário de teatro

“Acho bem vindo esse projeto que, segundo o Minc (Ministério da Cultura), pode injetar até 600 milhões de reais por mês em cultura no nosso país, incrementando mais cultura às pessoas de baixa renda. Espero que muitas empresas do nosso país participem deste projeto”.
Marcelo Bueno Franco
Diretor do Teatro Positivo

“O projeto tem o meu apoio. Acredito que toda a iniciativa que tem como objetivo fomentar e ampliar o acesso da população à cultura é bem-vinda. O formato já deu certo em outras áreas, como transporte e alimentação, e irá facilitar e estimular o consumo de bens e serviços culturais”.
Stepan Nercessian
Ator e político

“Pode dar certo sim. Em princípio é uma boa idéia”.  
Regina Braga
Atriz

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