Por Murilo Dias, São Paulo
A comédia perdeu um de seus maiores homens, percursores e ídolos. Aquele que “ri” em seu próprio nome, e que tinha como maior especialidade fazer os outros rirem. Márcio Ribeiro, que brilhou sua estrela em diversas emissoras da televisão, nos palcos de teatro Brasil afora e no cinema, agora apenas brilha sua estrela, num lugar mais alto.
Márcio Ribeiro era, e é, ídolo de várias gerações e serviu de inspiração para a nova classe do humor brasileiro. Muitos dos conhecidos nomes que temos hoje, como Danilo Gentili, Rafinha Bastos, entre outros, tiveram suas carreiras impulsionadas por Márcio, que foi um dos percursores do estilo de comédia “stand-up comedy” no Brasil.
Nasceu em 12 de maio de 1964, em São Paulo, e começou sua carreira de sucesso no final da década de 80, encenando o personagem Arinélson Goiabinha, na primeira versão do programa infantil "Rá-Tim-Bum", transmitido pela TV Cultura. No ano de 1991, interpretou Antônio, na novela "Brasileiros e Brasileiras", do SBT, mas, foi em 1992 que seu nome explodiu no Brasil, com o programa "X-Tudo". Lá, Marcio tinha vários quadros e era apresentador do programa.
Após cinco anos a frente do programa "X-Tudo", exibido pela TV Cultura, Márcio aventurou-se no seriado "Sandy & Júnior", em 2001, produzido e transmitido pela Rede Globo, no papel de Carlos. No ano seguinte, deu a pele por Tatá, em "Acampamento Legal", novela da Rede Record de Televisão. Já em 2007, interpretou João Carlos Lemos, no humorístico "Câmera Café", do SBT.
Sua transição entre as emissoras era corriqueira. Até o ano de 2007, passou por quatro grandes da televisão nacional: Rede Globo, Rede Record, SBT e TV Cultura. Mas sua carreira não terminou por aí, muito menos seu "vai-vém" televisivo. Em 2008, na novela "A Favorita", da Globo, Ribeiro atuou como Juarez. No ano seguinte, saindo da Globo e indo para a a TV Bandeirantes, onde interpretou Hugo Taxista, no programa "Uma Escolinha Muito Louca". Suas últimas participações na televisão foram novamente na Globo, em 2010, com Homero, na novela "Malhação" e em 2013, com Broncoli, no humorístico "Os Caras de Pau".
A carreira televisiva de Márcio Ribeiro foi traçada paralelamente a sua carreira teatral. Atuou nas peças "Vestido de Noiva", de Nelson Rodrigues, com direção de Márcio Aurélio; "Teledeum", com direção de Cacá Rosset; "Meu Nome é Pablo Neruda" com direção de Gianfrancesco Guarnieri, "Corte Fatal" com direção de Noemi Marinho e "Família muda-se" com a direção de Odilon Wagner. Também atuou no cinema, na comédia "Alô?!", "Os Ursos", "Um dia... e Depois o Outro", "Domésticas" e "Romeu e Julieta".
Um dos grandes feitos de Márcio Ribeiro para a comédia nacional, foi sua iniciativa de trazer o estilo "stand-up comedy", adorado atualmente pela maioria da sociedade. Ao lado de Marcelo Mansfield, Márcio criou o primeiro clube de Stand-Up em São Paulo, o "Clube da Comédia". Além disso, foi fundador da "Seleção do Humor Stand-Up".
Márcio Ribeiro era idolatrado no meio dos humoristas. Com a notícia da sua morte, vários colegas comdiantes, de gerações distintas, transmitiram suas mensagens de luto.
Marcelo Tas disse: "Marcio Ribeiro era o "Tio Maluco", fundamental e querido em qualquer família. Daí encantar crianças de todas as idades". Outro nome forte do humor atualmente, Marcelo Adnet, chamou Márcio Ribeiro de "um dos mestres da comédia". Fernando Caruso disse: "Estou consternado com a informação do falecimento do meu amigo e colega Márcio Ribeiro. Triste mesmo. Não sei nem o que dizer." Alguns membros do elenco do programa "Pânico na Band", como Márvio Lúcio (Carioca) e Evandro Santo (Cristian Pior), também demonstraram tristeza com a notícia. Danilo Gentili, Leandro Hassum, Nany People, Rafael Corteza, Rodrigo Capella, Dani Calabresa e muitos outros demonstraram seu sentimento.
Márcio morreu às 5h30 da manhã, no dia 29 de maio. Ele estava em Brasília, se apresentando no evento "Setebelos Convida", que ocorre todas as segundas e terças-feiras. Após a exibição de terça, Márcio Ribeiro passou mal e foi levado ao Hospital Regional da Asa Norte, e teve a causa da morte confirmada como complicações cardíacas.
Seu amigo e companheiro de profissão, Rafael Corteza, em entrevista ao site UOL, disse: "Ele estava muito debilitado. Todo o meio do humor sabia disso. Acho que a vida podia ter sido mais bacana com ele nesse final. Ele foi um cara que trabalhou muito, ralou demais e que era muito merecedor de um final mais digno".
A carreira de Márcio foi muito premiada. Ao todo, ganhou 24 prêmios, alguns deles muito importante no meio da atuação, como a medalha de Ouro, no Festival de Nova York e o Kikito, no Festival de Gramado.
Seu microfone foi desligado, a luz do palco não se acende mais. Os canais da TV? Apagados. O que resta são as memórias, e com elas, as risadas.
Tudo na vida tem um final, um X. Quis o destino que o de Márcio Ribeiro fosse tão cedo.