Em comemoração aos seus 32 anos de atividades artísticas ininterruptas, completados em outubro, o grupo Nós do Morro estreia o projeto “Nós do Morro almoçando com arte”, dando sequência ao espetáculo “Encontros, 32 anos depois”, com 12 apresentações, entre os dias 17 de outubro e 14 de novembro, com sessões às quartas, quintas e sextas, sempre às 13h, no Teatro Glauce Rocha, Centro (RJ).
- Este projeto integra as ações comemorativas pela celebração do aniversário do Grupo. Além de comemorar sua trajetória, a proposta objetiva dar sequência à sua missão de democratização do acesso à arte, fomentando trabalhadores, estudantes e passantes em geral a usarem o intervalo do almoço não apenas para a alimentação, mas também para vivenciarem uma experiência artística – acrescenta Guti Fraga, diretor artístico e fundador do Nós do Morro.
O espetáculo é mais que emblemático, pois quando o Grupo foi fundado esta produção foi a primeira a ser apresentada em 1987, e tinha o nome de “Encontros”. Com argumentos preparados por Luís Paulo Corrêa e Castro, a história fala da vida dos adolescentes do Vidigal na década de 80, mostrando os principais pontos de encontro e reunião e os problemas enfrentados no cotidiano dos moradores de uma favela em plena “década perdida”.
- Revisitar esse texto é uma forma de celebrar, mas também um exercício de memória que possibilita nos voltarmos para nós mesmos e, ao retratar esses “Encontros”, 32 anos depois, percorremos a nossa própria história e nos fortalecemos no crescimento humano e na sensibilidade artística que nos construiu. Assim, o Grupo festeja a sua história e os inúmeros encontros que possibilitaram a sua consolidação, renovando a sua missão de atuar pela ampliação do acesso à arte e à cultura aos moradores das periferias cariocas – completa Guti.
- Antes de tudo, Encontros é uma celebração à vida desses jovens sonhadores que, impossibilitados de contar com políticas públicas que os ajudassem a ter acesso aos bens de produção cultural e a uma vida melhor, se viravam como podiam, fazendo do seu viver uma forma de expressão de uma geração que vivia à margem das benesses da sociedade de consumo e do mundo da “alta cultura” – fala Fraga.
A peça volta à cena em uma releitura assinada por Fabrício Santiago, com colaboração de Álamo Facó. O argumento é o mesmo e os conflitos permanecem, mas as situações foram adaptadas para o contexto atual, com a dinâmica de uma sociedade cada vez mais impactada pela globalização. A remontagem desse espetáculo é a prova de que a semente germinada com a criação do Nós do Morro frutificou, mostrando que a iniciativa idealizada por Guti Fraga, Fred Pinheiro, Luís Paulo Corrêa e Castro e Fernando Mello da Costa serviu de espelho para uma série de movimentos culturais criados em favelas e bairros da periferia, formando crianças, jovens e adultos e mostrando que a vida vivida na arte é muito mais bonita de ser vivida.
- Ainda criança, o maior sonho da minha vida era simplesmente conseguir viver da minha arte. E, ao ter a sorte de encontrar com a escola de teatro Nós do Morro, o meu sonho se tornou possível. Retornar ao grupo nesse momento como dramaturgo é um dos presentes mais especiais de toda minha trajetória – diz Fabrício Santiago, dramaturgo de “Encontros 32 anos depois”.
Apesar da diferença de 31 anos entre a primeira montagem e essa, a importância ainda é bastante latente na história, não somente do Nós do Morro, mas de tantas outras comunidades espalhadas pelo Rio de Janeiro e pelos demais estados brasileiros.
- O texto falava do cotidiano da favela, porque era importante que os moradores se reconhecessem e, através dessa experiência, vislumbrassem a vivência artística como algo próximo e tangível; atuando pela democratização do acesso à arte. Acreditávamos na possibilidade de aliar formação artística à responsabilidade social. Entendíamos o processo de criação artística como uma filosofia de vida, capaz de formar cidadãos atentos aos problemas do mundo e generosos com os outros. Então, remontar esse texto é uma forma de reafirmar que continuamos acreditando em tudo o que nos motivou desde o início. A nossa história nos mostra que o Grupo Nós do Morro é uma iniciativa que deu certo e, diante desses 32 anos, temos a certeza de que apenas começamos. Que venham os próximos 32 – salienta Fraga.
Encontros, 32 anos depois
Teatro Glauce Rocha
Temporada: de 17 de outubro até 14 de novembro
Apresentações: 17, 18, 19, 24, 25, 26, 31/10 e 1, 7, 8, 9 e 14/11/2018.
Dias: Quartas, quintas e sextas, sempre às 13h.
Endereço: Av. Rio Branco, 179 - Centro, Rio de Janeiro - RJ, 20040-007
Telefone: (21) 2220-0259
Capacidade: 202 lugares
Entrada Franca
Classificação: 14 anos
Ficha Técnica
Texto original: Luís Paulo Corrêa e Castro
Dramaturgia e adaptação: Fabrício Santiago e Álamo Facó
Direção Artística: Guti Fraga e Fátima Domingues
Elenco: Alexandre Cipriano, Runo Borges, Danilo Martins, Deivison Santos, Diego Francisco, Edson de Oliveira, Felipe Paulino, Francisca Damião, Jackie Brown, Giulia Tavares, João Vítor Nascimento, Marília Coelho, Nathália Mattos, Pablo Sobral, Ramon Francisco, Sônia Magalhães, Taiana Bastos, Thaís Dutra e Tiago Ebenezer.
Cenografia: Fernando Mello da Costa
Figurinos: Gorette Bezerra
Iluminação: Pablo Cardoso
Direção de movimento e coreografias: Johayne Hildefonso
Direção Musical: Gabriel Moura
Fotógrafo: Felipe Paiva
Assessoria de imprensa: MercadoCom/ Ribamar Filho
Produção Executiva: Marcio Lopes
Direção de Produção: Dani Carvalho