Com supervisão de Caique Botkay e direção e interpretação de Sandra Calaça, a peça leva à cena a trajetória de luta, dor e genialidade da escultora francesa.
Artista genial, que não teve reconhecimento em vida e passou 30 anos reclusa em hospitais psiquiátricos, a francesa Camille Claudel é homenageada em novo espetáculo, que faz um paralelo de sua trajetória de abuso emocional com as lutas feministas da sociedade contemporânea. Com idealização, direção e interpretação de Sandra Calaça e supervisão de Caique Botkay, Camille Claudel – Uma mulher estreia dia 12 de outubro, na Casa de Cultura Laura Alvim/Espaço Rogério Cardoso (espaço da Secretaria de Estado de Cultura/FUNARJ), onde fica em cartaz às sextas e sábados, às 19h, e aos domingos, às 18h. Com esta montagem, a atriz dá continuidade ao seu trabalho sobre arte e loucura desenvolvido pelo grupo Quadrante, fundado por ela em 2003.
A pesquisa para Camille Claudel – Uma mulher partiu de cartas da artista aos familiares e laudos encontrados por sua sobrinha-neta, Reine-Marie Paris, no Centro Hospitalar de Montfavet, atestando que Camille estava apta a voltar para casa e retomar o convívio com a sociedade. Esses laudos ficaram escondidos a pedido da família Claudel e ela continuou internada até a sua morte, que completa 75 anos neste mês de outubro. A partir da revelação, a dramaturgia faz um resgate da vida e da carreira da artista, que é considerada pelos críticos de arte e escritores como um gênio da escultura, mas, até hoje, é mais associada pelo relacionamento que teve com o também escultor Auguste Rodin do que à sua importante produção.
“Com este espetáculo, quero falar da luta da mulher por seus direitos. Sou fascinada pela história de Camille Claudel, que era uma artista genial, e, por escolher uma profissão considerada para homens na época, foi calada pela sociedade e por familiares, e castigada com um laudo de louca e perigosa”, descreve Sandra Calaça. “É um tema muito pertinente em momento importante de luta por direitos e conquistas que as mulheres buscam há muitos séculos”, acrescenta.
Em cena, ao lado de Sandra Calaça, estará sua filha de 5 anos, Clara Melo, que, desde muito pequena, demostrou amor e talento artístico. A ideia também é fazer um contraponto da relação de Camille Claudel com sua mãe, que sempre se opôs ao trabalho da artista.
“Falar sobre a artista Camille Claudel é garantir o direito dado à minha filha em viver como melhor desejar, é poder lutar por muitas mulheres, artistas, visionários, seres humanos que não têm e não tiveram voz, ou que tiveram suas vozes caladas por ameaçar um sistema, uma sociedade ou apenas o grupo familiar”, defende Sandra.
Sinopse
O espetáculo faz um paralelo entre a trajetória de abusos emocionais sofridos pela escultora francesa Camille Claudel e as lutas feministas da atualidade.
Sobre Camille Claudel
Camille Claudel nasceu em 1864, em Fère-en-Tardenois, na França, e criou as suas primeiras esculturas aos 12 anos. Seu pai, Louis Prosper, notando seu talento, a apresentou para o escultor Alfred Boucher, que se tornou seu primeiro mestre. Por volta de 1884, Camille começa seus estudos na oficina de Rodin. Ela se torna sua musa e amante. Camille nunca morou com Rodin, que relutava em terminar seu relacionamento com Rose Beuret. O conhecimento de seu caso com o escultor desagradou a família, em especial sua mãe, que nunca concordou com seu envolvimento com as artes. Camille deixou a casa da família e, após sofrer um aborto em 1892, terminou o relacionamento com Rodin, apesar de continuar a vê-lo com frequência até 1898.
Oito anos depois, o término com Rodin inspirou a escultura L’Age mûr (de 1900), que chocou Rodin e o encheu de raiva, fazendo com que ele parasse de financiar artista. A partir de 1903, Camille começa a exibir seus trabalhos no Salão de Paris ou no Salon d'Automne e, hoje, é considerada pelos críticos de arte e escritores como um gênio da escultura. Em março de 1913, seu irmão, o poeta Paul Claudel, e sua mãe a colocaram a escultora no manicômio Ville-Évrard, afirmando que ela estava com delírios de perseguição. Na entrada do hospital, consta que Camille foi internada voluntariamente, mas o registro não tem sua assinatura. Durante toda a sua estadia no manicômio, os médicos tentaram convencer sua família a tirá-la de lá, mas sem sucesso: Camille morreu em outubro de 1943, aos 78 anos, e foi enterrada na vala comum do hospital.
Sobre Sandra Calaça
Autora, atriz, diretora, fotógrafa e arte-educadora, a alagoana Sandra Calaça, radicada há 20 anos no Rio, tem um trabalho voltado para arte loucura com o grupo Quadrante, criado por ela. Em 2003, inicia a Trilogia da Loucura, com espetáculo sobre Van Gogh, seguido por uma ooutra montagem sobre Camille Claudel, em 2007, e encerrada, em 2011, com Mulheres de Sade, espetáculo que fala sobre o artista, o homem e sua obra através da ótica das mulheres. Apresentou espetáculos nas instituições psiquiatras, além de levar “clientes” ou “usuários” de saúde mental ao teatro com suas famílias, desenvolvendo, assim, um trabalho de inclusão. Sandra também trabalhou no teatro como atriz do grupo F. Privilegiados de 1999 a 2000. Atuou na peça “Parece Pinter” de Renata Mizrahi, “O Círculo de Giz Caucasiano”, de Bertold Brecht, com direção de Paula Sandroni; realizou a performance Cunis Á’cqua, no Festivel MOLA; atuou no espetáculo "Nordestinos" com direção do Tuca Andrada e texto de Walter Daguerre; faz o Infantil “A Semente não Mente” com direção de Tatjana Vereza; participou de “Teatro Esporte”, com direção de Vinicius Messias - Teatro do Nada; é atriz e produtora do espetáculo “Van Gogh, o Suicidado pela Sociedade” - baseado no livro de Antonin Artaud - texto de Lula Dias e direção de John Vaz; fez “Quase tudo”, com direção de Lucianno Maza, “Benditos Poetas”, de Rimbaud e Verlaine, com direção de Maristela Trindade; Na TV, atuou no programa “Linha Direta”, da TV Globo, com direção de Pedro Carvana nos episódios “Internauta Vigarista” e ”Atentado à Imprensa”.
Ficha técnica:
Concepção, direção e texto: Sandra Calaça
Supervisão do espetáculo: Caique Botkay
Assistente de direção: Maria Rita Rezende
Elenco: Sandra Calaça, Millor e Clara Melo
Direção para pesquisa musical e sonora: Caique Botkay
Pesquisa musical e sonora: Millor e Sandra Calaça
Voz em off e consultora de francês: AnaLu
Direção de voz: Sofia Kern
Direção de movimento: Juliana Manhães
Coreografia sapateado: Jackie Lima
Preparação da atriz mirim: Maria Rita Rezende
Direção técnica: Cristiano Gonçalves
Assistente de palco: Eduardo Apolinário
Cenografia: Mirella Lima
Figurino: Michelly Valentim
Adereço de cabeça: Iolanda Conteville e Michelly Valentim
Bonecos: Arte Andarilha
Iluminação: Cristiano Gonçalves
Caldo de batata: Wanderlucy Bezerra, Luiza Rezende e Lilian Amancai Quero Bem / Gastronomia da família
Técnico de luz: Cristiano Gonçalves
Operador de som: Ju Ladeira
Gravação de áudio: João Marcelo Heinz / Othello
Fotografia: Clever Barbosa, Edson Paes e Marcelo Santos Braga
Teaser: Marcelo Gibson / Ghetto Filmes
Fotografia de arte: Jul Sousa
Preparação da arte / Fotografia: Synara Holanda
Arte e design gráfico: Edson Paes e Márcio Guth
Assessoria de imprensa: Rachel Almeida / Racca Comunicação
Produção executiva: Diga Sim Produções
Direção de produção: Quero Bem Produções
Realização: Quero Bem Produções, Diga Sim Produções e Grupo Quadrante
Serviço:
Camille Claudel – Uma mulher
Temporada: 12 de outubro a 4 de novembro.
Casa de Cultura Laura Alvim / Espaço Rogério Cardoso: Avenida Vieira Souto, 176 - Ipanema
Telefones: 2332-2016
Dias e horários: Sexta e sábado, às 19h, e domingo, às 18h. O público deverá chegar 20 minutos antes, pois será servido um caldo antes de cada sessão.
Ingressos: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia).
Lotação: 53 pessoas
Duração: 1h10
Classificação indicativa: Livre
Funcionamento da bilheteria: Diariamente, das 15h às 21h.