Evill Rebouças usa artimanha de sertaneja na dramaturgia

Por Rubens Barizon (Texto incrementado)
Da Redação JT


 
Elementos regionais são elementos do texto de Evill Rebouças na peça que tem como base o conto “Esses Lopes” de Guimarães Rosa. O autor concorre ao 25º prêmio Shell do Teatro de São Paulo. Quem assina a direção é Yora de Novaes.

Uma sertaneja sensível e sonhadora “Maria Miss” dá nome ao espetáculo e é o personagem principal da peça. A história começa quando Maria ainda muito menina, teve a virgindade negociada pelos pais com um dos membros da família Lopes. Esperta, diante das situações adversas, ela logo descobre que manda quem pode, obedece quem tem juízo. Mas também descobre que pra tudo na vida se tem uma solução. Aprende sozinha às escondidas, a ler e escrever.

Pra se livrar do que não quer e conseguir o que quer, lança mão de qualquer artimanha de que dispõe. Mesmo a mais mirabolante. Tanto é assim que elabora uma trama para convencer o marido de que a velha que ele incumbiu de vigiá-la não passa de uma alcoviteira.

Para abrandar o desejo do companheiro, ela o envenena pouco a pouco com ervas típicas do sertão, até que ele morra. Na condição de viúva, Maria passa a ser assediada por um primo e um irmão do marido. Mas ela que não é boba e já aprendeu certa lição, faz intrigas entre os dois até que se matam.

Quando parece que vai ter um pouco de sossego, é a vez de o mais rico dos Lopes fazer suas investidas. O Lopes está louco por Maria e aceita casar e transferir para ela todas as suas propriedades. A partir de então, está em prática mais um dos planos da sertaneja. Com ele Maria fica até que o homem parta desta para uma melhor. Os filhos, que também são Lopes, a Maria manda “viajar gado” e só então começa a aproveitar a vida, que agora divide com um rapaz que tem idade para ser seu filho. Mas é Maria Miss quem diz: “Menos me falem, não sou de me fiar em folhinha e data”.

Evill Rebouças é graduado em artes cênicas pelo Instituto de Artes da Unesp. Ator, dramaturgo, diretor, arte-educador e um dos fundadores da Cia. Artehúmus de Teatro. 

Apresentados em destaque no Jornal de Teatro, os quatro textos dos autores indicados ao 25º prêmio Shell do teatro de São Paulo na categoria melhor autor.
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