Audição é apenas a primeira barreira enfrentada pelos dançarinos

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Além dos cursos de aperfeiçoamento, a Escola do Teatro Bolshoi no Brasil oferece a todos os bolsistas ensino regular gratuito, uniformes, plano de saúde, transporte e alimentação. Mas não dá moradia aos bailarinos. O que, para muitos, como a bailarina Anelice Souza, de 11 anos, é um grande obstáculo para seguir em frente. "Rezo todos os dias para que Deus me dê a graça de conseguir ir para lá, pois tenho certeza que é a grande chance da minha vida, de seguir o meu sonho e ainda ajudar a minha família", desabafa.

A menina, agora, precisa vencer mais uma etapa: conseguir patrocínio para manter uma moradia durante todo o período que precisará ficar em Joinville para completar o curso. Criança humilde, que mora em uma região de classe baixa de Salvador, Anelice vive com os pais, garçons, e com sua irmã. Todos vivem em uma casa simples, com a renda de dois salários mínimos. A mãe, Márcia Souza, conta que, desde criança, Anelice dava sinais do quanto tinha vocação para o balé. "Ela sempre andou na ponta do pé e se destacava nas festas devido a forma de dançar", revela Márcia.
Márcia conta, ainda, que a boneca Barbie sempre foi a inspiração da sua filha, que tentava imitar os passos que a personagem fazia em comerciais e filmes. "Ela me pedia para entrar em uma escola de dança, mas, infelizmente, minha falta de condições financeiras não permitia. Doía muito ver a minha filha cheia de potencial, mas sem oportunidades", diz Márcia.
Quando Anelice completou 9 anos, a mãe dela conseguiu colocá-la na academia de dança do bairro. Foi lá que a garota teve apoio para seguir em frente. Assim que começaram as aulas, sua professora de dança, Vera Monteiro, percebeu que estava diante de uma excelente bailarina. "Ela tem grande potencial. Só precisamos lapidá-la para que ela se torne uma pérola preciosíssima. Anelice é uma criança que dança com emoção e é muito carinhosa", avalia Monteiro.
Anelice, que já ganhou diversos prêmios, diz que não esperava ser escolhida pelo Bolshoi, apesar de ter a consciência de que dança bem. Ela conta que, quando soube do resultado do concurso, ficou muito feliz e só pensou que era chegado o momento de dar melhores condições de vida para sua família.
Quando questionada sobre a saudade que sentirá dos familiares, Anelice responde que seria muito bom se todos pudessem se mudar para Santa Catarina com ela, mas, como já está sendo difícil a sua própria ida, a menina afirma que irá segurar a emoção e seguir em frente. "Sei que deve ser difícil ficar tão longe, mas não vou me abater. Quero ir e aproveitar essa grande chance. Peço a ajuda de todos que possam me apoiar a conquistar o meu sonho", frisa Anelice.
O desempenho de Anelice fez com que os auditores adiantassem o início do curso da garota, que só deveria ingressar no Bolshoi em fevereiro de 2010. Assim, caso consiga patrocínio para comprar as passagens e pagar por moradia, a menina começará o curso no segundo semestre deste ano.

Apoio: Quem quiser ajudar Anelice deve entrar em contato com a professora Vera Monteiro através do telefone (71) 8816-9028