Em cartaz desde março na casa noturna Madame, o espetáculoSão Paulo Surrealista, da Cia. Teatro do Incêndio, ganha temporada popular a R$ 10,00, a partir do dia 27 de julho. As apresentações são às sextas e sábados, às 21 horas, e seguem até dia 11 agosto. A bilheteria abre 1 hora antes da sessão.
A montagem é um ritual teatral dirigido por Marcelo Marcus Fonseca, que mergulha no surreal para retratar símbolos e fantasias de São Paulo. É uma ode à cidade e seus personagens, confrontando - em um jogo de imagens sobrepostas - as contradições e fantasias da metrópole.
Claudio Willer – escritor e poeta, cujos vínculos literários são com a criação mais rebelde e transgressiva, como o surrealismo e geração beat – foi consultor da companhia para esse projeto. Willer também fará participação especial na estreia do espetáculo.
O espetáculo não conta, necessariamente, uma história. Para revelar a cidade real, nada é realista. Os textos são colagens emolduradas por imagens e figuras da metrópole, sejam elas reais ou distorcidas, tendo na música ao vivo um elemento essencial para traduzir sua pulsação.
“Esta montagem propõe também que o público perceba a cidade pelos olhos de André Breton, um dos criadores do surrealismo, em um jogo que ressalta pontos turísticos, monumentos, terreiros, restaurantes e bordeis paulistanos”, explica o diretor Marcelo Marcus Fonseca.
Mário de Andrade, Roberto Piva, Pagu, nativos, cidadãos comuns, ninfas e animais recebem o surrealista André Breton, observado por Antonin Artaud (dramaturgo francês, surrealista), para um mergulho na capital paulista, percorrendo Os Nove Círculos do Inferno de Dante Alighieri.
Em cena, 25 atores em uma celebração musical da cidade com alusões ao cinema de Pier Paolo Pasolini e Frederico Fellini e textos escritos durante o processo pelo próprio grupo, com base na escrita automática característica do Surrealismo. Todas as canções foram compostas por Marcelo Fonseca e Wanderley Martins especialmente para o espetáculo, algumas delas “em parceria” com Arthur Rimbaud e Charles Baudelaire.
Os Nove Círculos do Inferno, por São Paulo Surrealista
Os Nove Círculos do Inferno são os degraus propostos pelo espetáculo, inspirados na primeira parte da Divina Comédia, para explorar os signos, ou infernos, da cidade de São Paulo. No primeiro círculo, “Pagãos no Limbo”, André Breton é batizado no Candomblé, abrindo passagem para a imersão nas contradições e tradições da metrópole, como a “Luxúria”, onde a paixão pelo dinheiro impera, e a “Gula”, retratando a filosofia da comida em um banquete a la Píer Pasolini e frases do poeta francês Benjamin Péret. No quarto círculo, a “Avareza” se materializa em um homem velho, personagem que expulsa as pessoas desse banquete e guarda tudo para si.
Uma aparição de Antonin Artaud, com fios elétricos ligados à sua cabeça, representa a “Ira”, justificada em texto que questiona a própria existência. “Heresia” é o sexto circulo: uma freira tortura um padre enquanto lê, para Artaud, uma carta ao Papa criticando a religião. Em “Violência e Bestialidade” nosso personagem mergulha nas baladas noturnas dos jogadores de futebol e seus empresários que molestam adolescentes (passagem pontuada por textos bestiais e violentos do Conde de Lautréamont, poeta uruguaio que viveu na França, precursor do Surrealismo).
“Fraude” é o oitavo círculo, que faz cair por terra o sétimo: as jovens molestadas saem de dentro de sacos de lixos, mas estão “grávidas” de bolas de futebol. No último, a “Traição”, traz o mapa de São Paulo marcado por pontos turísticos, mesclados a tumores diversos. E Artaud conclui que a cidade doente e que trai a si própria.
Ficha técnica
Espetáculo: São Paulo Surrealista
Com: Cia. Teatro do Incêndio
Roteiro e direção geral: Marcelo Marcus Fonseca
Co-direção e figurinos: Liz Reis
Elenco: Liz Reis, Marcelo Marcus Fonseca, João Sant'Ana, Wanderley Martins, Sérgio Ricardo, David Guimarães, Giulia Lancellotti, Talita Righini, Sonia Molfi e outros.
Direção musical: Wanderley Martins
Iluminação: Rodrigo Alves
Consultoria teoria e voz em off: Claudio Willer
Fotografia: Bob Sousa
Composições originais: Marcelo Marcus Fonseca e Wanderley Martins
Produção e realização: Cia. Teatro do Incêndio
Apoio: Lei de Fomento ao Teatro para a Cidade de São Paulo
Serviço
Local: Madame (antiga Madame Satã) – www.madameclub.com.br
Endereço: Rua Conselheiro Ramalho, 873 - Bela Vista/SP - Tel: (11) 2592-4474
Temporada: sextas e sábados - às 21 horas - Até 11 de agosto
Ingressos: R$ 10,00 (meia: R$ 5,00), o ingresso dá direito à balada após sessão.
Bilheteria: 1h antes da sessão - Aceita cartões de crédito/débito (V, MC e AE).
Reservas: 2347 1055 e 9628 1772 - Gênero: Surrealismo - Duração: 70 min
Classificação etária: 18 anos - Capacidade: 200 lugares - Ar condicionado
Acesso universal - Estacionamento (R. Cons. Ramalho, 853): R$ 20,00. Estreou em 2/3/12.