Há 24 anos usando a dança como instrumento de inclusão social e de cidadania, a tradicional companhia "Dançando Para Não Dançar", apresenta com a Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro e a Secretaria Municipal de Cultura o espetáculo Refavela no dia 11 de dezembro, às 19h, no Teatro João Caetano, no Centro do Rio. A entrada é gratuita. Desta vez, o repertório traz o balé clássico Danúbio Azul e o novo balé contemporâneo Refavela, com seis músicas do cantor Chico César e uma canção de Chico Buarque e Gilberto Gil. As coreografias são assinadas por Maria Gabriela Aguilar, Samara Mello, Paulo Rodrigues e Eduardo Masquette. O grupo, formado por moradores de comunidades do Rio, como Mineira, Fallet, São Carlos, Maré, Cantagalo e Pavão/Pavãozinho, fará a já tradicional apresentação de fim de ano.
Neste momento em que a cidade do Rio de Janeiro pede socorro, a trágica história contada na apresentação é também um dos primeiros retratos da realidade do embrião que hoje conhecemos como os complexos de favelas. "Refavela" mostra a visão romântica do morro e sua realidade, tudo isso tendo como pano de fundo uma história de amor, que compara a vida nas favelas com o cenário festivo grego e a mitologia da Grécia Antiga, com o sagrado e o profano amalgamados em habitações clandestinas.
"O carioca está perdendo a sua espontaneidade. Encurralado com medo das facas e das balas perdidas. Vamos com a dança dizer 'não' à violência e mostrar que os morros têm vez. O espetáculo fala um pouco das comunidades e mostra que lá existe muita coisa boa. Existe amor, existe arte. Nossos alunos sofrem com a rotina de violência em seus lares, o que os impossibilita muitas vezes de chegar às aulas”, afirma Thereza Aguilar, coordenadora do Dançando Para Não Dançar, que foi criado no Pavão-Pavãozinho e no Cantagalo, em 1994, visando dar acesso às crianças e aos jovens de comunidades populares ao balé clássico.
A companhia de dança utiliza o perfil lúdico do balé como instrumento de inclusão social e de cidadania. Os principais alvos são a profissionalização de jovens, o incentivo à participação cultural e o combate à exclusão social, ao proporcionar acesso à formação em uma profissão que dificilmente ingressariam. Além da escola de dança, no Centro do Rio (Rua Frei Caneca, 139), o projeto atua em oito comunidades das Zonas Sul e Norte do Rio (Rocinha, Cantagalo, Pavão-Pavãozinho, Mangueira, Chapéu-Mangueira, Babilônia, Borel e São Carlos) e atende a cerca de 150 crianças e jovens.
O Dançando Para Não Dançar formou um grupo que se apresenta em todos os espetáculos e apresentações com o objetivo de dar aos jovens a chance de se aperfeiçoarem na vida profissional, no palco, e criar mecanismos para a geração de renda. Um dos desafios da companhia é proporcionar o encaminhamento profissional dos jovens entre 12 a 21 anos que cresceram e se profissionalizam dentro do projeto.
Exemplos deste trabalho bem feito de revelar talentos (leia mais abaixo) não faltam. Há ex-integrantes do projeto que hoje atuam em companhias importantes pelo mundo e fizeram da dança profissão. Inclusive, o Dançando para Não Dançar conta com um convênio de intercâmbio com a Escola Staatilicher Balletschule Berlin (Escola Estatal de Berlim). “Nós normalmente não contratamos professoras. O que temos são ex-alunas que retornam ao Brasil e voltam pra dar aula aqui”, explica Thereza.
Parcerias - O projeto Dançando Para Não Dançar é patrocinado pela Secretaria de Cultura da Prefeitura do Rio de Janeiro. Também conta com apoio de Governo do Estado do Rio de Janeiro, Vídeo Filme, UtiliCasa, Casa do Biscoito, Shopping Leblon, curso de inglês Brasas e Viva Rio.
Repertório
“Desejo e Necessidade” (Chico César) 5:40
“Enxerto Poético” (Chico César) 5:12
“Cálice” (Chico Buarque e Gilberto Gil) 4:17
Ora-Pro-Nobis
“Estado de Poesia”(Chico César) 5:15
“Palavra Mágica” (Chico César) 4:34
“Por que você não vem morar comigo” (Chico César) 4:00
“Mama África (Chico César)” 4:11
SERVIÇO - Apresentação única
Data: 11 de dezembro de 2018, às 19h
Local: Teatro João Caetano. Praça Tiradentes, s/nº, Centro
Entrada Gratuita
Classificação: Livre
Sede do Dançando Para Não Dançar: Rua Frei Caneca, 139 - Centro- RJ.
E-mail: Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.
Site: dpnd.org.br
Breve currículo de alguns dos cerca de 30 talentos revelados pelo Dançando Para Não Dançar
Samara Mello (Cantagalo)
Solista da Cia. Dançando Para Não Dançar, que se exibe com regularidade no Estado do Rio e em outras capitais brasileiras (como Salvador, São Paulo e Brasília), ingressou no projeto aos 7 anos de idade, em 1999, e frequentou as aulas da Escola de Dança Maria Olenewa de 2002 a 2008. Participou do musical “Isaurinha – Samba, Jazz & Bossa Nova, sobre a cantora Isaura Garcia, estrelado por Rosa Maria Murtinho, e do Seminário Internacional de Dança de Brasília, de Gisèle Santoro, em 2011. Viajou para São Paulo, a fim de aprimorar os estudos no Ballet Stagium. Vai dançar em Refavela, e, em dezembro, retorna para a Alemanha para novo intercâmbio na Staatilicher Balletschule Berlin.
Bárbara Mello (Cantagalo)
Em 1996, o projeto a inscreveu na audição da Escola de dança Maria Olenowa, passou. Em 1998, foi selecionada na audição realizada pelo projeto para um intercâmbio de 15 dias, na Staatilicher Balletschule Berlin, na Alemanha. Em 1999, a jovem foi selecionada para especialização de cinco anos na escola alemã. Se destacou e conseguiu dançar primeiros papéis naquela cidade e na Cia de Magdeburg, em 2004. Após a conclusão do curso, foi contratada como solista pela Cia Volkstheater, em Rostock. Contratada como solista na Staatstheater Schwerin (Companhia Estadual de Ballet Schwerin), cidade de Schwerin/Alemanha. Fez o primeiro papel do balé Romeu e Julieta, de Shakespeare, que estreou em setembro de 2007. No momento, segue carreira internacional como solista no Teatro de Dortmund, Alemanha, e conquistou, em 2013, o título de melhor bailarina da cidade.
Ingrid Silva (Mangueira)
Faz parte das primeiras turmas do Dançando. Fez especialização no Centro de Movimento Deborah Colker e no Grupo Corpo, em Belo Horizonte. Iniciou o curso superior em Dança, na UniverCidade e fazia parte da Cia Dançando Para Não Dançar. Foi selecionada para o filme “Maré, nossa história de amor”, de Lúcia Murat. Fez audição nos Estados Unidos, em 2007, e foi selecionada para a Dance Teather of Harlen, em Nova Iorque,onde permanece até hoje.
Debora Goulart (Cantagalo)
Por iniciativa da mãe, foi inscrita no projeto aos 7 anos de idade e, aos 8, já frequentava as aulas de balé no Ciep Presidente João Goulart, em Ipanema. Em 2011, foi admitida na Escola de Dança Maria Olenewa e, mais à frente, teve de enfrentar o desafio de morar na Alemanha, dando início a uma nova etapa. Desde 2012, é aluna da conceituada Staatilicher Balletschule Berlin.