“Noites Árabes” é como chamam os ingleses aos contos d´“As Mil e Uma Noites” e dá título também ao primeiro espetáculo do Vila 8, coletivo de pesquisas teatrais criado em 2013 pelo ator, diretor e professor de Artes Cênicas da Unicamp, Eduardo Okamoto. Depois da estreia em Campinas, onde o coletivo é radicado, a temporada paulistana terá início em 28 de agosto, segunda-feira, na Oficina Cultural Oswald de Andrade.
A peça evoca a ancestral necessidade humana de contar histórias. Para isso, fricciona materiais retirados das espantosas histórias contadas por Sahrazad para se manter viva na coletânea d’ “As Mil e Uma Noites” e relatos contemporâneos de guerra de palestinos na Faixa de Gaza. Com isso, o espetáculo reconhece que palestinos parecem atualizar a tradição árabe da narração. Assim, mais que denunciar crimes de guerra, no processo de criação, o Vila 8 procurou entender a ficção como potência: estratégia de combate e sobrevivência. “Esperamos, desta maneira, que nossa cena esteja alicerçada para além do horror das histórias de guerra”, diz Okamoto.
A dramaturgia é da também docente de Artes Cênicas da UNICAMP Isa Kopelman, que equilibra a pesquisa do grupo (improvisações, materiais jornalísticos, histórias em quadrinhos, filmes etc.) com textos retirados da tradição árabe, inclusive o Alcorão.
Na encenação, os atores-narradores permanecem a peça inteira sobre um tapete de 3mX2m, sem entradas nem saídas. Assim, revezam-se nas tarefas de narrar histórias fantásticas, relatar fatos reais e compor personagens. A cenografia bastante reduzida (econômica em dimensões e no uso de recursos) procura enfatizar a tríade corpo/espaço/palavra como elementos de jogo.
O músico Marcelo Onofri, que igualmente leciona na UNICAMP, assina a composição da trilha sonora inédita.
O espetáculo acaba de ser selecionado para o Festival Internacional de Teatro de Tânger, no Marrocos, onde se apresenta em outubro.
Sinopse
Cinco atores recontam relatos decorrentes do conflito israel-palestino nos moldes d' “As Mil e Uma Noites”. O tempo todo sobre um tapete, o grupo metaforiza o universo infinito e simbólico das narrativas e o confinamento de palestinos na Faixa de Gaza.
Ficha Técnica
Direção: Eduardo Okamoto
Dramaturgia: Isa Kopelman
Atuação: Cadu Ramos, Lucas Marcondes, Tess Amorim, Vanessa Petroncari e Virgílio Guasco
Composição musical: Marcelo Onofri
Execução musical: Edu Guimarães, Marcelo Onofri e GabrielPeregrino
Iluminação: Silvio Fávaro e Eduardo Okamoto
Estruturas de iluminação: Cadu Ramos, Silvio Fávaro e Virgílio Guasco
Coordenação técnica: Silvio Fávaro
Cenografia: Eduardo Okamoto
Cenotecnia: Erich Baptista e Lucas Marcondes
Operação de luz: Ewertom Ribeiro
Operação de som: Bruno Rods e Victor Rosa
Figurino: Vanessa Petroncari
Maquiagem: Tess Amorim
Arte gráfica: Cadu Ramos
Assessoria de imprensa: Adriana Monteiro
Fotografia: Thaiane Athanásio
Produção: Vila 8
Consultoria em Produção: Daniele Sampaio | SIM!Cultura
Eduardo Okamoto é ator, Bacharel em Artes Cênicas, Mestre e Doutor em Artes pela Universidade Estadual de Campinas – Unicamp, onde atualmente é docente. Apresentou espetáculos e atividades formativas em diversos estados brasileiros e no exterior: Espanha, Suíça, Alemanha, Marrocos, Kosovo, Escócia e Polônia. É autor do livro Hora de Nossa Hora: o menino de rua e o brinquedo circense (Editora Hucitec, 2007).
Entre seus trabalhos como ator destacam-se: Agora e na Hora de Nossa Hora, de 2004 (com sua dramaturgia e direção de Verônica Fabrini); Eldorado, de 2009 (com direção de Marcelo Lazzaratto e dramaturgia de Santiago Serrano) pelo qual foi indicado ao Prêmio Shell na categoria de Ator; Recusa, de 2012 (com direção de Maria Thais e dramaturgia de Luís Alberto de Abreu) pelo qual foi indicado ao Prêmio Shell e recebeu o Prêmio APCA de Ator; OE, de 2015 (com direção de Marcio Aurélio e dramaturgia de Cássio Pires).
Em 2017, estreia seu primeiro trabalho para crianças: O Dragão de Fogo (com direção de Marcelo Lazzaratto e dramaturgia de Cássio Pires).
Vila 8
É um coletivo de criação teatral aberto à inquietação. Reconhecidamente, nossos artistas estão envolvidos em criações outras. Isto delimita circunstâncias de trabalho: ficção teatral fundada na fricção de singularidades, no aqui-agora. Diferenças reunidas em espaço comum/comunitário: a vila, festejo de encontros; invenções possíveis quando estamos juntos.
Assim, somos menos afeitos à ideia de pertencimento e mais abertos à colaboração. Menos apegados a concepções de identidade e mais valentes no exercício da alteridade. A busca por uma coerência de trajetória sobrepõe-se à necessidade de delimitação de poética própria. Fazemos da impermanência a nossa potência: a realização do que se inscreve em cada situação, imanência. Criamos no “assim das coisas”.
Com portas abertas, rua com entradas e saídas, mantemo-nos em movimento permanente: o oito, infinito de pé!
SERVIÇO:
Noites Árabes – Estreia em 28 de agosto, segunda-feira, às 20h
Temporada - De 28/08 a 18/10, segundas, terças e quartas, às 20h na Oswald de Andrade. (ATENÇÃO: Dias 12 e 13 de setembro não haverá apresentação -
Sessões extras nos dias 21 e 28 de setembro, quintas-feiras, às 20h)
Oficina Cultural Oswald de Andrade
Endereço: Rua Três Rios, 363 - Bom Retiro
(Próximo à estação Tiradentes do metrô)
Informações: (11) 3222-2662
Site: http://www.oficinasculturais.org.br
Sala 7
Capacidade: 30 lugares
Entrada franca
Retirada de ingressos com uma hora de antecedência
Indicação de faixa Etária: 14 anos
Duração: 75 min.