O Dragão de Fogo reestreia no Teatro Cacilda Becker

Primeiro trabalho para o público infantil do ator Eduardo Okamoto, espetáculo tem direção de Marcelo Lazzaratto, dramaturgia de Cássio Pires e conta também com os atores Esio Magalhães e Luciana Mizutani. Montagem se rende ao encontro das artes proposto pelo estilo teatral chinês da Ópera de Pequim com a mescla de música, luta e teatro

Como Shun Li, um menino de sete anos, pode salvar sua aldeia de um terrível dragão que desperta de um sono de séculos? A resposta para essa grande aventura está no espetáculo O DRAGÃO DE FOGO, que reestreia dia 19 de agosto, sábado, às 16 horas, no Teatro Cacilda Becker. Com texto de Cássio Pires e direção de Marcelo Lazzaratto, o espetáculo – sucesso de público e crítica – traz no elenco os atores Eduardo Okamoto, Esio Magalhães e Luciana Mizutani.

O DRAGÃO DE FOGO conta a história do menino Shun Li, lançado ao desafio de salvar sua aldeia, surpreendida por um grande incêndio provocado por um dragão. Tão logo o vilarejo é reduzido a cinzas, os seus lideres reúnem-se para discutir uma forma de enfrentar o dragão. Muitos guerreiros se dispõem a combatê-lo, mas um velho sábio lembra aos homens que os costumes locais ditavam a necessidade da realização de um sorteio, em que apenas um dentre todos os habitantes deveria ser escolhido para enfrentar o grande perigo.

Para preocupação de todos, Shun Li é o sorteado. Com uma rara habilidade para o desenho, o menino possui apenas vocações artísticas, ao invés de guerreiras, mas mesmo assim aceita o seu destino e sobe a montanha em direção à cova onde vive a criatura que cospe fogo. Quando lá chega, conhece um rato que se tornará seu amigo e o ajudará a solucionar três enigmas para derrotar o Dragão.

Clima de aventura
Primeiro trabalho de Eduardo Okamoto (vencedor do Prêmio APCA e duas vezes indicado ao Prêmio Shell de melhor ator) para o público infantil O DRAGÃO DE FOGO é um desejo antigo do ator. “Sempre tive vontade de fazer algo para as crianças, pois fui um assíduo espectador teatral desde pequeno. Há três anos, quando fui pai, o impulso de mergulhar no teatro infantil foi imediato. Houve uma necessidade de cuidar de uma geração e não só do meu filho”, explica ele.

Okamoto então começou a ler vários textos voltados ao universo infantil, de clássicos a contemporâneos, em busca de algo que não fosse didático e que tivesse um clima de aventura. Numa conversa com o autor Cássio Pires, descobriu que o dramaturgo possuía um texto inspirado em fábulas populares da cultura oriental. “Quando li o texto tive a certeza que tinha achado o que eu procurava”, conta o ator.

O brevíssimo conto de apenas quatro páginas em que O DRAGÃO DE FOGO é inspirado chegou às mãos de Cássio Pires há mais de 10 anos. De acordo com o autor, a brevidade da narrativa original não impede que se tenham múltiplas leituras possíveis pois é uma fábula simples e clara, mas que se abre a diversas possibilidades de interpretação. A história fala de muitas coisas, como o ato criador, a necessidade de renovação, mas também sobre o significado da tradição, o sentido de comunidade e o rito de passagem.

Corpo, espaço e palavra
Para o diretor Marcelo Lazzaratto a encenação de O DRAGÃO DE FOGO sustenta-se numa tríade: corpo, espaço e palavra – conceito já estabelecido pelo ator Eduardo Okamoto em suas montagens para o teatro adulto. Isso significa economia de recursos exteriores ao corpo dos atuantes, em favor da emissão da palavra do texto de Cássio Pires e da dramaturgia física dos atores. A referência primordial para a orquestração destes diferentes materiais é a Ópera de Pequim – tradicional estilo chinês de espetáculo teatral.

Apesar de ser um exímio desenhista e ter compulsão por criar figuras a todo tempo, não há nenhum desenho feito a lápis ou no papel por Shun Li durante o espetáculo. As imagens tomam forma em outro espaço. “Ao invés de me apoiar em tantas outras ferramentas disponíveis e boas, como a tecnologia, resolvi apostar que todas as imagens estariam propostas no jogo dos atores. Foi assim que me surgiu o conceito de que todos os desenhos sugeridos na peça seriam construídos por esses corpos, desenhando o espaço e a cena”, explica Lazzaratto.

Para isso foi importante a preparação corporal de Luciana Mizutani, campeã paulista e vice-campeã brasileira em várias modalidades de kung fu, que usou seu conhecimento em artes marciais para criar os movimentos do espetáculo.

Figurinos de Fause Haten
Do ponto de vista cenográfico, a encenação de O DRAGÃO DE FOGO apoia-se na construção de um “espaço vazio”. Amparando-se na arquitetura minimalista de Alan Chu e Cristina Sverzuti, que primam pelo uso criativo de materiais simples, bem como pelo uso ostensivo de linhas retas, procura uma certa economia de recursos.

Este espaço minimalista acaba por valorizar os figurinos, assinados pelo estilista Fause Haten, e os adereços de Silvana Marcondes, que dilatam as dramaturgias físicas construídas pelos atores. Além disto, estes adereços ajudam a construir os diferentes lugares ficcionais (uma plantação de arroz, uma casa, uma montanha, a caverna onde vivem dragão e rato etc.).

A música original de Marcelo Onofri acompanha a ocupação deste “vazio”. Assim, tanto quanto enfatizar as ações (como acontece na Ópera de Pequim chinesa), constrói geografias. Neste sentido, a música desempenha função narrativa e se afasta da ilustração de emoções e sentimentos dos personagens.


Para roteiro:

O DRAGÃO DE FOGO – Reestreia dia 19 de agosto, sábado, às 16 horas, no Teatro Cacilda Becker. Dramaturgia – Cássio Pires. Encenação e Iluminação – Marcelo Lazzaratto. Elenco – Eduardo Okamoto, Esio Magalhães, Luciana Mizutani. Preparação em Kung Fu e Desenho de Movimento – Luciana Miziutani. Criação e Direção Musical – Marcelo Onofri. Músicos – Henrique Cantalogo (flautas, percussão marimba), Eduardo Guimarães (sanfona e percussão) e Marcelo Onofri (piano). Captação, Mixagem e Masterização – Mario Porto. Cenografia – Alan Chu e Cristina Sverzuti. Figurinos – Fause Haten. Assistente de Figurino – Anna Paula Abe. Aderecista – Silvana Marcondes. Fotografia – Fernando Stankuns. Programação Visual – Estúdio Claraboia. Produção Executiva – Mariella Siqueira. Direção de Produção – Daniele Sampaio | SIM! Cultura. Duração – 50 minutos. Livre para todos os públicos. Temporada – Até 24 de setembro – sábados e domingos às 16 horas. Ingressos – R$ 16,00 (inteira) e R$ 8,00 (meia-entrada).

TEATRO CACILDA BECKER – Rua Tito, 295 – Lapa. Informações – (11) 3864-4513. Acesso para deficientes físicos. Capacidade – 198 lugares. Bilheteria – Abre uma hora antes do início do espetáculo.

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