"Paredes Externas" leva o teatro para as ruas do Rio


Misturando artes plásticas, dança, performance, audiovisual, arquitetura, música e poesia, ‘Paredes Externas’ vai colocar a cena teatral literalmente em praça pública. O projeto multimídia encena uma peça, cujo cenário é uma estrutura quadricular, com 16 metros quadrados de área e três metros de altura, no Largo do Jesus, no Vidigal (dia 7 de julho, domingo), na Cinelândia (dia 12 de julho, sexta-feira) e na orla de Copacabana (altura da Rua Miguel Lemos, dia 21 de julho, domingo). O espetáculo participou do III Festival Internacional de Teatro e Artes do Teatro Elinga, em Angola, em maio passado, e fez uma apresentação na Praça dos Eucaliptos, no dia 23 de junho.

Com dramaturgia e direção de Pierre Santos, atuação de Mariana Quintão e Gabriel Delfino, supervisão artística de Miwa Yanagizawa, cenário de Carla Juaçaba e Bruno Siniscalchi, ‘Paredes Externas’ é uma intervenção urbana, que serve de cenário para o teatro. Contemplada pelo Prêmio Funarte Artes na Rua (Circo, Dança e Teatro) - 2012, o projeto propõe um novo uso do espaço público e brinca com a dualidade da visibilidade/invisibilidade da paisagem urbana ao instalar uma grande estrutura construída com ripas de madeira e tela transparente, no formato de um cubo vazado no teto, com dimensões de 4 metros X 4 metros, e 3 metros de altura. No centro do quadrado maior há outro quadrado menor inscrito, de 2 metros X 2 metros. Aberturas laterais permitem a circulação do atores entre e ao redor de ambos os espaços.

‘Paredes Externas’ trata da temática das relações afetivas pela ótica de um casal em conflito. Ao longo de 40 minutos, os personagens Rita e Rodrigo, jovens com dramas típicos de quem está assumindo as responsabilidades da vida adulta, vivem um casamento em franco desgaste. “Do amor ao ciúme, eles passam para a guerra, e nessa hora todo mundo é ridiculamente igual“, completa Pierre Santos, que assina seu primeiro texto teatral. “Na África, tive um feedback interessante: um homem de 50 anos, que assistiu ao espetáculo com a mulher, me falou que eu vim do Brasil para lembrar à esposa dele questões mal resolvidas de anos atrás”, diverte-se o dramaturgo.

Ator e professor do grupo Nós do Morro dos dez aos 30 anos, Pierre , que tem 32, teve a inspiração para o projeto quando foi visitar Vertigem, primeira exposição individual de Os Gêmeos no Rio, no CCBB, em 2009. Uma casa de madeira, onde o público podia entrar e interagir com os objetos da exposição o fez pensar em como seria uma exposição de cenários teatrais abrindo, ao público, a possibilidade de interação com algo que, originalmente, é contemplativo e só acessível aos atores de teatro. “Depois de codirigir a peça ‘O Trem, o Vagão e a Moça de Luvas’, projeto de Renato Rocha, vislumbrei que uma ‘peça de casal’ era perfeita para este tipo de intervenção artística”, completa Santos, que integra o Solo Coletivo, com Mariana Quintão, André Santinho e Carolina Ivancevic, que têm como principal formação o teatro, e hoje atuam em diferentes áreas artísticas, abrangendo também cinema, televião e produção de eventos, sempre priorizando a acessibilidade do público, o conteúdo relevante e a democratização da arte. Entre os seus principais projetos do Solo Coletivo, estão os eventos multiculturais Caldo Cultural, Reforma e África, além das festas LUVidigal e Lamparina.

Os arquitetos Carla Juaçaba e Bruno Siniscalchi projetaram a casa/cenário. Juaçaba foi premiada pelo projeto do Pavilhão Humanidades no ano passado, em parceria com Bia Lessa. Wendell Barros assina a iluminação espetáculo que utiliza apenas lâmpadas caseiras para criar as nuances de luz e de interação com a iluminação pública. À encenação, integram-se projeções de vídeo, que criam efeitos visuais nas paredes vazadas do casa/cenário/instalação, que ficará aberta à visitação antes e depois da apresentação da peça.

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