Apesar da globalização e da internet, o mundo das cartas ainda é rico. E foi inspirada neste universo que a Cia. Fragmento de Dança criou, com direção de Vanessa Macedo, o espetáculo “Nuvens Insetos” com a apresentação marcada para o dia 19 de maio, às 18h, no Teatro Municipal Celina Lourdes Alves Neves, em Bauru (SP).
A circulação do espetáculo por várias cidades do Estado de São Paulo é realizada pelo Programa de Ação Cultural 2012, projeto da Secretaria da Cultura do Governo do Estado de São Paulo. Esse apoio possibilitou à Cia Fragmento de Dança realizar, em cada um dos locais de apresentação, uma “mini residência artística”, oficinas, ensaio aberto, mostra de vídeo e atividade-diálogo.
Durante temporada de outro espetáculo no Centro Cultural São Paulo em 2011, os artistas do grupo promoveram uma ação junto ao público passante: abordaram os transeuntes e propuseram que escrevessem uma carta. O tema: “O que você escreveria se fosse sua última carta?”. A companhia coletou mais de cem cartas. “Um homem relatou que gostava de procurar formas em nuvens: ‘Gosto quando enxergo formas de insetos gigantes’”, explica Vanessa sobre a escolha do nome Nuvens Insetos para o espetáculo da companhia.
“Ficamos em dúvida se as pessoas disponibilizariam as cartas para o processo criativo do espetáculo. Quando as cartas foram abertas, percebemos todo um conteúdo de confissões, relações de intimidade, despedidas, solidão e ausência”, lembra a coreógrafa. E essa atmosfera foi transferida para a coreografia do espetáculo. A relação entre os intérpretes do espetáculo é de um contato solitário; a relação com o espaço é uma necessidade contínua de retorno ao ponto de partida.
As coreografias propõem formas diferentes do corpo de se comunicar com o outro para chegar (encontrar-se) em si mesmo. Para os artistas, a experiência foi muito rica, já que eles tiveram a oportunidade de conhecer outras pessoas, conversar sobre suas histórias, suas despedidas. Para os escribas, uma chance ficcional de dizer adeus. Mas as cartas não poderiam ser despedidas da ‘vida para a morte’, mas para outra pessoa, um sentimento, um objetivo.