Peça Maldita fica até dia 31 no Teatro Satyros

Texto oficial adaptado por Rubens Barizon
Da Redação - Jornal de Teatro

 

No palco, sozinho em cena na peça teatral "O Mal Dito", Fransérgio Araújo, da Cia Ópera Ritual, com sua concepção e atuação, propõe uma construção cênica visceral dos “Cantos de Maldoror”, de Isidore Ducasse. 

O título do espetáculo “O Mal Dito” confunde com o texto sobre um homem atormentado por sua existência e que questiona a razão da sua vida. A revolta contra o Criador transforma o personagem em um individuo cruel, pessimista e deprimente. Ter assistido a morte de sua mãe quando era adolescente fez o autor impor a si ações humanas virulentas - Autor? Acreditando na morte como saída do seu desespero, ele dá seus últimos suspiros para fugir da crucificação, imposta pela providência divina.

A Montagem

Com uma pesquisa corporal baseada no Teatro da Crueldade de Antonin Artaud, a montagem desse espetáculo busca um vínculo com a exposição dos sentidos, apoiando-se na radicalidade, em busca de uma interpretação hipersensorial, para fugir ao naturalismo e autocontrole dos dias atuais. A pesquisa vivenciou também processos esquizofrênicos e bipolares com surtos psicóticos do próprio ator-autor durante sua pesquisa de atuação.

A montagem pretende, por meio do trabalho performativo do ator, mostrar as entranhas que movem a revolta contra sua própria existência, especificamente aquela apoiada na maldade humana. A peça se propõe a desumanizar o individuo para que ele descubra de fato o que é ser humano. 

Sobre Isidore Ducasse 

Conde de Lautréamont é o pseudônimo do escritor francês Isidore Ducasse, nascido em 1846 e morto em 1870. Nestes vinte e quatro anos de existência, deixou um violento e longo livro intitulado "Cantos de Maldoror", admirados por Verlaine, André Gide e André Breton e estudados por Gaston Bachelard.

“Cantos de Maldoror” fica até o dia 31 de maio no Teatro Satyros I, na Praça Roosevelt em São Paulo.

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