Por Rubens Barizon
Do Jornal de Teatro
Referência indiscutível para os profissionais da arte cênica, a dama do teatro brasileiro, Fernanda Montenegro foi o pilar da noite APTR de premiação que aconteceu no Méier ontem dia 25, iniciando a semana do dia internacional do teatro com força total. “O Homem Travesseiro” se destacou nesta 7ª edição e faturou as categorias de melhor direção, ator coadjuvante e espetáculo.
Os atores Charles Fricks e Dani Barros apresentaram as doze categorias e seus vencedores com a ajuda de personalidades do mundo cênico. O violoncelista Daniel Silva iniciou a parte musical no palco, enquanto no telão, imagens da carreira de Fernanda Montenegro no teatro, contavam a trajetória da atriz e a de Fernando Torres, inevitável. Numa das cenas projetadas “O Homem do Princípio ao Fim” de Millôr Fernandes chamou a atenção. Peça de 1967, representada por Fernanda Montenegro, Cláudio Corrêa e Castro e Sérgio Brito com produção e direção de Fernando Torres.
A introdução dos apresentadores foi composta de frases e pensamentos da homenageada que acumula cerca de 50 peças teatrais, 10 filmes e muitos prêmios. Estiveram presentes na festa, representantes da Secretaria Municipal de Cultura do Rio (apoiadora da premiação), o diretor de negociações especiais da Rede Globo (patrocinadora do evento) André Dias e o presidente da APTR Eduardo Barata, que é nascido no Méier, bairro onde fica o Centro Cultural João Bosco, o renovado Imperator, local da festa de ontem.
O 1º prêmio da noite foi o de melhor autor, revelado pelo ator Ricardo Blat, que “em nome de todos, exalto aqui do palco, a coragem, resistência e a ousadia de Fernanda Montenegro, que aproveita as diversidades para se fortalecer”. Carla Faour, que deu entrevista exclusiva ao JT antes das premiações, levou o prêmio com o texto de “Obsessão”. Segundo a autora: “o prêmio é a oportunidade de expressar gratidão”.
O prêmio de melhor iluminação ficou com Maneco Quinderé, indicado por quatro diferentes peças. O melhor cenário teve o anúncio da atriz Suely Franco, que iniciou dizendo “quando a gente gosta do que faz a gente não trabalha nunca, a gente se diverte” e em seguida chamou ao palco a cenógrafa de “Breu”, Aurora dos Campos, que agradeceu aos comerciantes da Lapa e de Santa Teresa, onde encontrou objetos para montar o cenário.
Teca Fichinski, que já havia vencido o prêmio Shell, conquistou também o melhor figurino na APTR, com o vestido branco que se confundia ao cenário de “Valsa nº 6”. Já o prêmio de melhor música foi faturado pelo surpreso Tim Rescala de “Era Uma Vez...Grimm”. No palco o par Sarah Antunes e Vinicius de Oliveira (ator de central do Brasil) rasgaram elogios à dama do Teatro e anunciaram o Tonico Pereira como o melhor ator coadjuvante.
O ator, diferente dos demais, subiu ao palco sem cumprimentar Fernanda Montenegro, mas teve uma boa desculpa para isso: “Vocês perceberam que eu subi aqui e não falei com a Fernanda. Mas é porque eu tenho tesão nas mulheres que eu admiro. E a Fernanda é a pessoa que eu mais admiro”. Bem humorado e com tom de crítica, Tonico ainda discursou sobre outros tópicos, como o pastor Feliciano na Comissão de Direitos Humanos da Câmara e o preço do estacionamento nos teatros “mais caro que o ingresso”. Tonico Pereira ainda protagonizou uma cena inusitada, dando um beijo na boca do Ricardo Blat, companheiro de peça no “O Homem Travesseiro”.
Simone Spoladore, pelo papel de Maggie, na peça “Depois da Queda” conquistou o seu primeiro prêmio no teatro como melhor atriz coadjuvante. A entrega dos prêmios seguiu e uma homenagem à Regina Malheiros foi feita. Ricardo Malheiros (filho) se desculpou à Fernanda Montenegro por certa vez colocar a cabeça debaixo da rotunda e parar um espetáculo. Ricardo segue o caminho da mãe, a produção.
A atriz e diretora veterana Camila Amado, seguindo a ideia de beijo de Tonico Pereira, pediu um selinho para Fernanda que levantou e foi até lá arrancando sorrisos da plateia. Bruce Gomlevsky ganhou o prêmio de melhor direção e representou “O Homem Travesseiro” no prêmio de melhor espetáculo. O premiado admitiu as dificuldades financeiras e prometeu dividir o prêmio com o elenco da peça.
O prêmio especial ficou com a produtora de elenco Marcela Altberg. O ator protagonista APTR foi o divertido Gregório Duvivier por “Uma Noite na Lua”, que dedicou o prêmio a um amigo que estava lá com ele. Uma promessa despretensiosa, já que ele não acreditava em ganhar o prêmio. A melhor atriz protagonista foi a Vanessa Gerbelli por “Quase Normal”. A melhor produção ficou dividida entre a Sarau Agencia de Cultura por “Gonzagão - A Lenda” e a Gávea Filmes por “O Desaparecimento do Elefante”.
Todos os premiados da 7ª edição APTR
Fernanda Montenegro recebe de braços abertos os convidados da APTR no foyer do novo Imperator
Banda Brasov ditao ritmo no foyer do Centro Cultural João Bosco
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Marjorie Estiano: "O teatro é um lugar de libertação, onde posso viver uma realidade escolhida"
Carla Faour é a melhor autora com "Obsessão"
Bruce Gomlevsky é o melhor diretor e faz parte do melhor espetáculo da APTR