The fan experience

Luciana Chama (Los Angeles)


Sempre soube que as artes cênicas teriam papel ativo na minha vida de uma forma ou de outra. Minhas tentativas como atriz nunca alçaram voo e eu acabei por me matricular em uma faculdade de Direito. Mas foi enquanto eu aplaudia de pé, emocionada, ao elenco de “Rent”, no Brasil, que voltei a encarar o dilema. A música, aquela energia e entrega do elenco causaram um impacto muito grande em mim. Foi amor a primeira vista. Logo comprei o CD da trilha original e decorei todas as canções: cantava-as, no carro, como se o mundo fosse acabar amanhã. Descobri, ainda, o site do espetáculo, com detalhes do elenco, da produção e mensagens dos próprios atores para os fãs – foi a glória! O que eu mais queria na vida era uma camiseta daquele espetáculo – qualquer coisa que me fizesse sentir parte daquele mundo incrível. “Rent”, literalmente, mudou minha vida. A vontade de fazer parte do mundo daquele espetáculo fez renascer o desejo de viver da arte e me fez buscar minha verdadeira vocação.


Nada substitui a emoção da experiência do fã. Não existe arte sem o seu fascínio, dedicação e dinheiro. A internet e o avanço da tecnologia tem elevado a experiência do fã a níveis sem limites. No mercado da música americana os investimentos estão todos voltados para o “fan experience”. O artista convida os fãs a viverem a fantasia de fazer parte do seu mundo, empenhando-se em proporcionar experiências de vida. No último show do Coldplay em Los Angeles, por exemplo, os integrantes da banda, literalmente, pularam do palco, atravessaram todo o estádio pelo meio da multidão e tocaram quatro musicas junto aos fãs que não puderam pagar muito caro pelos ingressos.


Em linguagem teatral, como trazer para a realidade do teatro os benefícios do avanço da tecnologia traduzidos em número de vendas de ingressos? Começando por facilitar a compra e o acesso com um serviço rápido, cômodo e mais em conta, além de agregar valor e qualidade à experiência. Envolver o público não apenas como mero espectador, mas, sim, como parte da brincadeira. Fazer o fã se sentir especial e parte integrante de uma aventura especial.


Adorei a ideia da equipe do musical “Wicked”, que criou o Behind the Emerald Curtain, um exclusivo passeio pelas coxias do teatro, conduzido pelos próprios atores do espetáculo. O evento proporciona aos participantes conhecer os detalhes e as complexidades que envolvem uma produção teatral, desvendando o processo criativo de um show da Broadway desde o seu nascimento à estreia. Há espaço, também, para perguntas e respostas, além da chance de adquirir merchandising único, vendido apenas no espaço da tour. O importante é a qualidade das iniciativas. Mesmo quando a publicidade é negativa, o fã dedicado nunca pula do barco. Amor de fã, esse sim dura para sempre.

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